SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mercado de trabalho continua pegando fogo —informação interessante para guardar em dia de decisão de taxa básica de juros.

Também aqui: Jack Ma volta com tudo do ostracismo, a Rappi também quer te entregar comida e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (17).

**TODO MUNDO EMPREGADO AÍ?**

Vendo as notícias até parece que não tem mais ninguém desempregado no Brasil. Ainda que esta newsletter esteja abusando da figura de linguagem hipérbole, é fato que o mercado de trabalho brasileiro está bastante aquecido.

A taxa de desemprego recuou a 5,6% no trimestre até julho, apontam dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) —o indicador renovou a mínima da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.

PEGANDO FOGO

O mercado de trabalho não dá sinais de desaquecimento, segundo o IBGE —ainda que a taxa básica de juros esteja nas alturas: 15% ao ano. Esse fervor todo pode, inclusive, corroborar com a manutenção da Selic no patamar em que está.

Na atividade econômica, os efeitos dos juros são sentidos. O PIB (Produto Interno Bruto) desacelerou a 0,4% no segundo trimestre. No período anterior, o crescimento foi de 1,3%.

É possível, entretanto, que o país esteja se aproximando de um quadro de estabilidade na margem, já que a população ocupada vem mostrando sinais de acomodação no curto prazo.

SAIU GANHANDO

O principal destaque veio do grupo que inclui administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde e serviços sociais.

A ampliação do setor foi muito incentivada pela educação, segundo o analista William Kratochwill, do IBGE. A classe de atividades de pré-escola e ensino fundamental foi responsável por cerca de 41% do crescimento.

BLACK TIE

O levantamento apontou que o mercado está menos informal. Sinal disso é que a taxa de informalidade recuou a 37,8% até julho, após marcar 38% no trimestre encerrado em abril.

**O HOMEM VOLTOU**

Depois de algum tempo fora do circuito de tecnologia chinês, o megaempresário Jack Ma resolveu dar as caras na empresa que ajudou a fundar, o e-commerce Alibaba.

TÚNEL DO TEMPO

Jack Ma já foi o CEO mais importante da China. Ou, pelo menos, o mais midiático. O Alibaba foi a empresa de tecnologia mais importante do país por muito tempo.

Em 2014, quando abriu capital na bolsa de valores de Nova York, protagonizou o maior IPO da história até então: as ações chegaram a disparar 40% nas primeiras horas de negociação.

Ma deixou a presidência da empresa em 2019, mas a figura pública azedou de verdade em 2020. O CEO-celebridade deu um discurso —que hoje ganhou o status de infame— em que criticou duramente os bancos chineses, chegando a chamá-los de “casas de penhores”.

Pouco tempo depois, reguladores do país suspenderam a abertura de capital do Ant Group, fintech irmã do Alibaba, nas bolsas de Xangai e Hong Kong —operação que também tinha potencial para ser uma das maiores da história.

O momento desencadeou uma tempestade regulatória que mudou o mercado chinês e respingou na concorrência: todo mundo foi investigado e perdeu dinheiro.

O Alibaba perdeu quase US$ 700 bilhões (R$ 3,7 trilhões) em valor de mercado.

Desde então, ele vivia entre Tóquio e Hong Kong, sem aparições públicas.

DE VOLTA NO JOGO

Jack Ma está na área e todos no Alibaba já estão sentindo as mudanças, segundo fontes relataram à Bloomberg —é o mais presente que ele esteve desde que saiu da chefia em 2019.

O foco é claro: recuperar a empresa da crise e colocá-la de volta no páreo contra gigantes como Meituan e JD. Ele também está empenhado em colocar a companhia no caminho das inovações em inteligência artificial.

Em fevereiro, Ma surpreendeu ao aparecer em uma reunião de Xi Jinping com lideranças corporativas. O líder chinês parece estar selando as pazes com os veteranos da tecnologia chinesa em nome de impulsionar o mercado da IA.

A promessa é interessante, mas o investidor vai conseguir ficar nas graças do governo? Ficaremos de olho.

**APERTA MAIS**

A competição no microcosmos de aplicativos de delivery no Brasil está cada vez mais apertada. Mais um concorrente se apresenta, ainda que não tenha colocado todas as suas cartas na mesa —ainda.

LEMBRA DA RAPPI?

O aplicativo ganhou alguma popularidade na pandemia, mas acabou ofuscado pelo iFood pouco tempo depois. Aqui no Brasil ela ficou para trás, mas dominou o setor no México, Chile, Colômbia e outros.

A Amazon adquiriu uma participação na empresa colombiana de entregas neste mês, uma parceria estratégica que une a infraestrutura de varejo e tecnologia da gigante do comércio eletrônico com uma das empresas de entrega mais conhecidas da América Latina.

Ter acesso à rede logística da Rappi pode ajudar a Amazon a competir com o gigante do comércio eletrônico regional Mercado Livre. Ainda, pode aprofundar-se no setor de delivery, atividade que explora pouco no continente.

Para a Rappi, a parceria traz o endosso do maior varejista online da América do Norte e oportunidades de explorar suas redes de logística e computação em nuvem.

O novo desafio do e-commerce na América Latina é a entrega instantânea, avalia um relatório do Santander sobre a operação.

Como se não bastasse… a 99Food dobrou a aposta no Brasil. Ela prevê um investimento de R$ 2 bilhões no serviço em território brasileiro até junho do próximo ano.

Antes da estreia das entregas de restaurantes em São Paulo e Goiânia, a 99 planejava desembolsar metade desse valor até o fim deste ano.

PEGOU?

Sim, segundo o diretor-geral da empresa no país, Simeng Wang. Ele afirmou que o aumento do empenho se deve ao sucesso dos projetos-piloto do serviço.

Segundo o diretor-geral, cerca de R$ 50 milhões dos recursos serão direcionados para a instalação de pontos de apoio para entregadores da empresa, o que deve incluir nova infraestrutura em todas as capitais do país e nos principais mercados da 99.

Quem não ficou feliz é o iFood, que ainda espera a estreia da Keeta, braço da chinesa Meituan, no Brasil. De líder isolada, a empresa passa a ter pelo menos três competidores importantes no radar.

**QUEM ESTÁ FALANDO COMIGO?**

Gente ou robô, robô ou gente? Cada vez mais, vemos nas redes sociais vídeos que nos desafiam a adivinhar se as imagens se tratam da vida real ou de algo concebido pela inteligência artificial.

O YouTube é mais uma das grandes plataformas a entrar de cabeça na tendência. A marca, que pertence ao Google, dobrou a aposta em inteligência artificial ao anunciar ferramentas com a tecnologia para quem publica vídeos na plataforma.

COMO ASSIM?

Uma das funcionalidades permite que fotos sejam transformadas em vídeos, criando cenas que não são reais. O gerador de vídeos, batizado de Veo3, permite também que objetos que não existiam no vídeo original sejam introduzidos nas cenas publicadas no YouTube.

FICOU DESCONFIADO?

Melhor assim. Significa que o leitor está com os olhos afiados para os potenciais riscos da tecnologia.

Questionado pela Folha de S.Paulo sobre o risco do uso da ferramenta para produção de deepfakes e desinformação, o CEO do YouTube, Neal Mohan, afirmou que quem assiste aos vídeos na plataforma será informado sobre o uso de IA na edição dos conteúdos.

Segundo ele, avisos serão gerados em texto ou inseridos com marca d’água e rótulo nos vídeos.

A empresa afirma que atualizou sua política de privacidade 2024 e permite que “qualquer pessoa solicite a remoção de conteúdo gerado por IA que imite sua imagem, incluindo seu rosto ou voz, sem permissão”.

É SUFICIENTE?

Estudos sobre o assunto indicam que rotular vídeos e imagens com conteúdo gerado por IA ajuda os espectadores a distinguirem a realidade da tecnologia, mas não esgotam o risco de gerar desinformação.

As etiquetas mostram que há conteúdo gerado por computadores, mas não apontam qual parte do vídeo é artificial e qual não é —o que dá margem para a interpretação.

Um estudo da Toronto Metropolitan University apontou que poucos usuários notaram pequenos rótulos que indicavam conteúdo produzido por IA em um feed similar ao do Facebook.

Os participantes disseram, no entanto, que quando o rótulo era grande e servia de obstáculo para as imagens, eles se sentiram dissuadidos de compartilhar o conteúdo com seus seguidores.

Fica a reflexão para o leitor.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Tira a água do feijão. Camadas mais ricas da população brasileira dispensam o feijão e o consumo atinge o terceiro pior nível da história.

Mudanças. O bilionário Carlos Slim, magnata das telecomunicações, está crescendo no setor de energia do México em meio à crise do petróleo e do gás.

Aperto de mãos. O Mercosul e o Efta, bloco composto por países europeus, assinaram um acordo comercial e incluem compromisso com a energia limpa.

¡No más! O governo de Donald Trump determinou o fim da parceria entre a companhia aérea americana Delta Airlines e sua homóloga mexicana, a Aeromexico.

Férias. A Argentina recebeu 27 mil brasileiros em voos da Azul no inverno deste ano, quantidade 55% maior do que no ano passado.

Pacote roubada. O presidente do conselho de administração da Nestlé deixou o cargo semanas depois da demissão do ex-CEO por caso com subordinada.