PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – A China emitiu nesta terça-feira (16) um um pacote de 19 medidas para incentivar o consumo de serviços no país, mostrando mais uma aposta de Pequim para estimular o crescimento econômico em meio à guerra comercial.

O documento, assinado pelo Ministério do Comércio e outros oito departamentos, aposta nos negócios de áreas como turismo, saúde, cultura e esportes, em uma tentativa de convencer a população local de priorizar o consumo de serviços chineses e atrair mais visitantes para o país.

“Todos os departamentos e unidades relevantes devem implementar resolutamente as decisões e arranjos do Comitê Central do PCC [Partido Comunista da China] e do Conselho de Estado e promover a implementação detalhada de diversas políticas e medidas”, escrevem as autoridades.

As medidas não citam as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas foram publicadas em um momento em que o país vive a trégua da Guerra Comercial, e sua economia segue pressionada pela possibilidade das tarifas americanas serem colocadas em prática.

Após rodadas de negociações, é esperado que Trump e o líder do regime chinês Xi Jinping discutam os próximos passos das negociações nesta semana em uma ligação por telefone prevista para sexta-feira (19). Também está sendo costurado um encontro entre os mandatários em outubro, quando estarão na Coreia do Sul para a cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em português).

O consumo na China está contido, em parte, pois a população chinesa segue guardando dinheiro por precaução, segundo relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em português). As medidas para aquecer o comércio interno tentam também tratar da questão, vista como histórica e cultural no país.

Uma das ações previstas pelo documento é fortalecer a campanha “Compre na China”, lançada em abril deste ano para expandir o consumo no país com foco em moda, entretenimento, turismo e esporte, entre outros.

Outro ponto-chave destacado pelas medidas é atrair mais turistas, expandindo o escopo de países com isenção unilateral de vistos, e facilitar acomodação, comunicação e pagamento. Além da possível barreira linguística, turistas que visitam o país precisam utilizar meios de pagamento locais, como o WeChat e Alipay, para ter acesso a serviços básicos.

Pequim também propõe utilizar de forma abrangente instrumentos de políticas monetárias e de crédito para apoiar instituições na expansão de ofertas de crédito para o setor de serviços. Visa também aumentar o apoio de crédito ao consumidor final, com subsídios de juros para empréstimos, e orientando instituições financeiras a criar produtos que sejam adaptados às necessidades dos clientes.

O regime também quer atrair mais estudantes internacionais como forma de fortalecer a marca “Estude na China”, e otimizar o arranjo de férias dos alunos levando em consideração fatores como condições climáticas, cronograma de produção e a licença remunerada dos funcionários.

Na área da cultura, o regime visa maximizar o uso de financiamentos estatais existentes, assim como aproveitar instalações de teatros, museus e galerias de arte, além de ampliar o horário de funcionamento dos espaços.

No setor de esportes, quer “incentivar a realização de eventos esportivos estrangeiros de destaque, apoiar os governos locais na realização de eventos esportivos de massa e criar uma série de eventos de alto nível e alta qualidade”.

O documento também prevê fortalecer a formação na área de serviços de saúde, como de cuidados a idosos, serviços domésticos e de longa duração. Visa também o desenvolvimento de mais creches comunitárias, além de centros de acolhimento familiar.

Um dos objetivos, segundo os órgãos, é “Flexibilizar o acesso ao mercado em áreas como assistência médica de médio a alto padrão, lazer e férias, reduzir medidas restritivas, atrair mais investimento estrangeiro e capital privado e aumentar a oferta de serviços de alta qualidade”.