BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O escritor Eduardo Bueno assinou em janeiro deste ano um contrato de R$ 3,27 milhões com a Caixa Econômica Federal para escrever um livro sobre os 165 anos do banco. Não houve licitação para a contratação da Pen Publicações, empresa de Bueno.

O extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial da União em 23 de janeiro deste ano. A informação foi divulgada pelo site Poder 360 e confirmada pela reportagem. Bueno, também conhecido como Peninha, é autor de uma série de livros sobre a história do Brasil, como “Brasil: Terra a Vista!”. É também dono do canal Buenas Ideias.

Em vídeo postado em uma rede social na sexta-feira (12), dois dias após o assassinato do influenciador conservador americano Charlie Kirk, Bueno disse em vídeo: “É sempre terrível, não é? Um ativista sendo morto por suas ideias. Exceto quando é o Charlie Kirk! Mataram o Charlie Kirk, ai, coitado, tomou um tiro, não sei se na cara”.

As declarações tiveram ampla repercussão, e a PUC-RS cancelou um evento com Bueno que aconteceria no domingo (14).

Depois, Bueno se arrependeu das declarações. “Não restam dúvidas de que eu me excedi. É evidente, é óbvio, eu não precisava de pessoas externas para dizer isso porque eu mesmo sei”, disse à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (15). Na entrevista, ele se identificou como pacifista e a favor de campanhas pelo desarmamento.

O contrato com a Caixa prevê “prestação de serviços especializados para atualização das obras de Eduardo Bueno: CAIXA Uma História Brasileira (2002) e CAIXA 150 anos de uma História Brasileira (2010), culminando em nova edição do livro em homenagem aos 165 Anos da empresa e de edição bilíngue digital e web série documental do livro”.

Procurada, a Caixa informou por meio de nota que “a contratação aconteceu com inexigibilidade de licitação por impossibilidade de se estabelecer competição para essa contratação, uma vez que cabe ao detentor dos direitos autorais a revisão e ampliação da obra”. “O contrato está em andamento e cumprindo as etapas previstas contratualmente”, acrescentou.

Bueno disse que tem muito orgulho de ter feito o livro pela primeira vez em 2001 “a pedido pessoal do então presidente Fernando Henrique Cardoso”. “Considero a Caixa o banco social de maior relevância social no Brasil”, acrescentou.

“A Caixa era o único banco que recebia conta de escravizados, primeiro a receber contas de mulheres”, apontou. Ele disse também que os preços são os de mercado.

Os recursos recebidos da Caixa não são os únicos de entes públicos. O Portal da Transparência aponta que a Pen recebeu R$ 139 mil do Ministério da Educação em 2025.

De acordo com o contrato, os recursos foram pagos para a aquisição de livros didáticos de português para a educação infantil e destinados à educação pública.

Procurado, o MEC não respondeu.