SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O enterro do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes foi marcado por homenagens de familiares, policiais e autoridades nesta terça-feira (16). O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não compareceu nem à cerimônia nem ao velório.

Ruy foi enterrado por volta das 17h no Cemitério da Paz, no Morumbi, na zona oeste da capital paulista.

O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB), afirmou que perdeu um amigo “fantástico” e descreveu o ex-delegado, que atuava como secretário de Administração do município, como uma pessoa serena.

O político afirmou que Ruy tinha virado a página policial para atuar no administrativo em Praia Grande. “Ele nem falava do passado policial. Estava focado na administração. Vai fazer muita falta”, diz.

De acordo com Mourão, o ex-delegado-geral possuía carro blindado, que era mais usado para viajar para a capital. “Lá [em Praia Grande], ele usava o carro normal dele”, explicou.

Segundo o prefeito, Ruy nunca relatou sofrer ameaças. Segundo o Ministério Público, ele era jurado de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) ao menos desde 2006.

A Prefeitura de Praia Grande entregou à Polícia Civil imagens do circuito de segurança municipal dos últimos 30 dias para apoiar as investigações. Os vídeos identificaram que os veículos usados no crime, um Toytota Hilux e um Jeep Renegade, ficaram rondando a prefeitura por pelo menos dois meses.

Ruy sofreu uma emboscada ao sair da prefeitura na noite desta segunda-feira (15) e foi morto por, pelo menos quatro criminosos. O corpo do secretário foi velado na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) nesta terça.

O ex-governador de São Paulo, João Doria, responsável por indicar Ruy para o cargo de delegado-geral, lamentou o ocorrido.

“Foi uma morte trágica, brutal, de um grande policial, um servidor público exemplar”, afirmou durante a cerimônia.

Doria também comentou sobre a falta de segurança estatal para o policial aposentado. “Os que ocuparam posições de liderança, portanto, contribuíram para a sociedade civil prendendo e indiciando criminosos, deveriam ter pelo Estado, por um longo tempo, a proteção, carro blindado e uma proteção minimamente garantida”, afirmou.

O delegado Marco Antônio Desgualdo, que trabalhou com Ruy em 2006, quando ele foi ameaçado pelo PCC, disse que a falta de proteção é algo comum na rotina policial. “Isso faz parte da nossa vida. Nós somos iguais a todos, e a gente faz o que gosta. Ele fez o que gostava e combateu o bom combate. Nós sempre somos ameaçados, isso não é novidade.”

O cortejo para o Cemitério da Paz saiu da Alesp por volta das 15h20. O corpo foi transportado em caminhão de bombeiros sob aplausos. Pouco antes, o secretário estadual de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou que dois suspeitos do ataque já foram identificados pela Polícia Civil.

“Todos os que participaram deste atentado terrorista contra o dr. Ruy serão severamente punidos”, afirmou.