SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse que não houve pedido de escolta pessoal por parte do ex-delegado-geral Ruy Ferraz, morto em emboscada na Praia Grande, na Baixada Santista.

“Não tem nenhum pedido de proteção, até porque, se tivesse, nós daríamos”, disse o governador na tarde desta terça-feira (16), no Palácios dos Bandeirantes, após anúncio da construção de unidades habitacionais do Programa Casa Paulista.

Ferraz dedicou parte de sua carreira na Polícia Civil a combater o crime organizado, principalmente, o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta terça, o promotor Lincoln Gakiya, membro do Gaeco, contou que investigações interceptavam ameaças de morte contra o ex-delegado-geral desde 2006.

Tarcísio reconheceu a necessidade de conceder proteção automática do estado a delegados, promotores e todos os profissionais que atuam diretamente contra a facção criminosa após a aposentadoria. “A gente tem que pensar, sim, na proteção dessas autoridades, dessas famílias, pessoas que dedicaram uma vida ao combate ao crime organizado e que merecem esse amparo do Estado, porque a gente sabe que a memória não vai embora.”

Segundo o governador, a ideia é que a proteção seja concedida de forma automática, assim que o função chega ao fim. Hoje em dia, é preciso fazer pedido formal ao Estado.

Ainda de acordo com Tarcísio, as investigações estão empenhadas em analisar vestígios de material genético deixado pelos criminosos em um dos dois carros usados na emboscada, que foi abandonado ainda ligado. “Tem muito fragmento, tem muito vestígio.”

Foi por meio de análise de impressões digitais deixadas no vidro de um dos carros que a Polícia Civil identificou dois acusados de envolvimento no assassinato.

O governador também disse que há várias linhas de investigação em curso. “Hoje não afastamos nenhuma possibilidade, nem de ser um crime promovido por facção ou de não ser um crime promovido por facção.”

Os carros usados na emboscada de Ruy rondavam a Prefeitura de Praia Grande há pelo menos dois meses, segundo as investigações. Os veículos, um Toytota Hilux e um Jeep Renegade, foram flagrados por imagens captadas por câmeras de segurança municipais analisadas pelas equipes de investigação.

Aposentado desde 2023, Ferraz não tinha mais direito a escolta armada do Estado, mas dirigia um veículo blindado. No momento do ataque, porém, ele estava em um carro comum.

Pessoas próximas contam que ele usava o blindado apenas quando ia para São Paulo.