PRAIA GRANDE, SP (FOLHAPRESS) – A família Gonçalves comemorava a chegada de Gustavo Henrique, 20, que havia passado quase dois anos na prisão, quando ele foi atingido pelos disparos do ataque contra o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Cerca de dez pessoas estavam comemorando na calçada quando Gustavo e a faxineira Samantha Gonçalves Carvalho, 33, foram feridos na noite de segunda-feira (15).
Entre os familiares havia cinco crianças a mais nova, de três anos. Estavam todos na calçada, na esquina das ruas 1º de Janeiro e Dezoito de Novembro, no bairro Nova Mirim, em Praia Grande. De acordo com relatos, não tinham passado nem cinco minutos que Gustavo havia saído do carro quando os tiros começaram, às 18h16.
Gustavo e Samantha foram atingidos durante a primeira série de tiros contra o carro de Ruy, quando os criminosos ao menos quatro pessoas atiraram de dentro de uma Toyota Hilux.
“Nós estávamos abraçados e, quando fomos correr, acertou minha perna e acertou a perna dele”, contou Samantha. “Ele [Gustavo] mal saiu da liberdade, não deu para ver os irmãos, ninguém.”
A família a princípio achou que os tiros eram fogos de artifício. Quando perceberam o tiroteio, a primeira reação foi levar as crianças para dentro de casa. A área externa, em frente à sala, ficou encharcada de sangue.
Samantha foi atingida por dois disparos na perna esquerda. Ela já teve alta e estava em casa na manhã desta terça (16). Gustavo levou um tiro de fuzil que fraturou um osso e a bala ficou alojada na perna.
Os tiros também atingiram a sede da Secretaria Municipal de Educação. O prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB), estava ali no momento do ataque. Ao menos oito projéteis atingiram o portão do prédio.
Segundo a avó de Gustavo, Marluce, o jovem estava num grupo de adolescentes que se envolveu num roubo. Ele era o único maior de 18 anos e acabou preso. A avó disse acreditar que ele não participou do crime.
Após esses primeiros disparos, os criminosos continuaram a perseguir Ruy por alguns quarteirões.
O cozinheiro Pedro Barbosa da Silva, 66, saiu correndo de casa quando ouviu a segunda série de disparos, já depois que o carro do ex-delegado-geral tinha batido contra um ônibus.
Seu medo era por causa da filha, de 8 anos. No momento do ataques ela estava em um supermercado na quadra em frente à casa onde eles moram, na rua 1º de Janeiro. Silva achou que ela poderia ter sido atingida, mas ela estava bem.
“Cheguei a ver os bandidos encapuzados dentro do carro, dando ré e entrando na contramão”, relatou.