SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou mal nesta terça-feira (16) e foi encaminhado para um hospital em Brasília.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, disse que ele teve “crise forte de soluço, vômito e pressão baixa”. “Encaminhou-se ao DF Star acompanhado de policiais penais que vigiam sua casa, em Brasília, por se tratar de uma emergência. Peço a oração de todos para que não seja nada grave.”

O ex-presidente vai passar a noite no hospital. Bolsonaro estava consciente, mas não havia ainda detalhes sobre seu quadro clínico, de acordo com Leandro Echenique, médico cardiologista do ex-presidente. Ele e o médico Cláudio Birolini embarcam para Brasília às 19h.

O deputado federal Evair de Melo (PP-ES), vice-líder da oposição na Câmara, afirmou que o ex-presidente começou a passar mal durante a madrugada.

“Já tínhamos a informação de que ele tinha passado mal. E teve complicações agora à tarde. Já deu entrada [no hospital] com esse quadro de soluço e vômito, com anemia e fraqueza”, disse à imprensa em frente ao hospital.

Carros da Polícia Penal do Distrito Federal fizeram a escolta do ex-presidente até o hospital. As viaturas estão posicionadas na saída da unidade de saúde, que fica em uma região de grande movimento em Brasília. Agentes uniformizados também estão dentro do saguão do hospital.

Com Bolsonaro em prisão domiciliar desde 4 de agosto, seus aliados têm dito publicamente que a saúde dele está fragilizada. Na semana passada, ele foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e três meses de prisão por liderar trama golpista em 2022.

O ex-presidente pode deixar a prisão domiciliar por emergência médica, mas depois sua defesa precisará apresentar um relatório para o ministro relator do caso, Alexandre de Moraes.

Ele esteve no último domingo (14) no hospital DF Star para realizar um exame. Os médicos apontaram um quadro de anemia por falta de ferro e um resíduo de pneumonia. Também foram extraídas lesões na pele para avaliação sobre necessidade de tratamento.

Após o procedimento, Birolini afirmou a jornalistas no local que o ex-presidente passou por exames de rotina. “Ele é um senhor de 70 anos que passou por diversas intervenções cirúrgicas. Ele está bastante fragilizado por essa situação toda”, disse no domingo.

Aliados do ex-presidente citam a saúde como argumento para que ele cumpra pena em casa após condenação por tentativa de golpe de Estado, e, como revelou a Folha, seus advogados pretendem argumentar riscos caso ele seja obrigado a cumprir a pena em um presídio ou na PF (Polícia Federal).

De acordo com pessoas que mantêm acesso a Bolsonaro, a ideia é extinguir todas as tentativas de recursos. E, se não for possível reverter a condenação, pedir a prisão domiciliar por questões de saúde.

Uma eventual prisão para cumprir pena deve ocorrer ainda em 2025, segundo a avaliação de ministros do STF, considerando os prazos para os recursos e encerramento do processo sobre a trama golpista.

A defesa de Bolsonaro, porém, pretende solicitar que ele permaneça em domiciliar, com base nos laudos médicos feitos até aqui ou, inclusive, solicitar um novo relatório.

Um interlocutor próximo ao ex-presidente diz acreditar que o STF não colocará Bolsonaro para cumprir sentença fora de casa porque haveria risco de morte e que isso politicamente seria ruim para todos.

Além disso, aliados relatam que o quadro psicológico de Bolsonaro estaria abalado, ainda que não cheguem a classificar como depressão.

O caminho para pavimentar o pedido de prisão domiciliar vem sendo traçado nas últimas semanas. O movimento começou quando Bolsonaro decidiu não ir ao STF acompanhar seu julgamento —seus advogados alegaram que a ausência se deu por motivos de saúde. Como as sessões eram muito longas, ele não aguentaria permanecer o tempo todo no tribunal, devido às crises de soluço e vômitos, segundo aliados.

Em outra frente, seus aliados buscam aprovar um projeto de lei que concede anistia a ele e condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro no Congresso

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avisou a líderes partidários que pautará a urgência do projeto na quarta-feira (17), após votar nesta terça a proposta da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Blindagem —que impede processos contra deputados federais e senadores sem aval expresso do Congresso.