SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a prisão domiciliar na sexta-feira (12) para realizar exames médicos em Brasília. Na ocasião, os médicos apontaram um quadro de anemia por falta de ferro. Nesta terça-feira (16) ele passou mal e voltou ao hospital, apresentando crise forte de soluço, vômito e pressão baixa, segundo seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

A anemia é uma condição na qual há uma diminuição da capacidade do sangue de transportar oxigênio para as células do corpo. A causa mais frequente, cerca de 60 ou 70% dos casos, é a deficiência de ferro, um elemento crucial para que o glóbulo vermelho cumpra sua função.

“O glóbulo vermelho tem a função de transportar oxigênio para todas as células do organismo. Quando nós temos anemia, a gente tem uma diminuição da capacidade de oxigenação dos tecidos, das células”, explica Rodolfo Cançado, hematologista especialista em anemias e doenças do ferro e membro da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).

Existem três principais razões para a falta de ferro no organismo. Uma delas é a diminuição da ingestão ou absorção de ferro. Isso significa que a dieta do paciente está pobre em ferro ou que ele tem problemas para absorvê-lo. Existe também o aumento do consumo, ou seja, em fases da vida, como infância e gravidez, em que se demanda mais ferro. Outra razão é a perda de sangue, seja por sangramentos intestinais, gástricos, renais ou até mesmo menstruais.

É uma condição com alta prevalência. “Cerca de um quarto da população mundial, ou seja, nós temos cerca de 2 bilhões de pessoas com algum grau de anemia”, diz Cançado.

SINTOMAS

Sinais de anemia incluem cansaço, fraqueza, queda de cabelo, unhas quebradiças, redução da tolerância a exercícios, irritabilidade e alterações cognitivas (como memória). O sinal físico mais característico é a palidez, perceptível na pele, no interior dos olhos e na palma das mãos.

COMO FAZER O DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito através de exames de sangue simples, o hemograma. Especificamente para o ferro, é feita a dosagem de ferritina e saturação da transferrina.

O hematologista reforça a importância de investigar a causa da anemia, que pode ser um sinal de doenças graves. “Às vezes a pessoa tem lá um câncer de intestino, por exemplo, está perdendo sangue, às vezes na investigação da anemia a gente acha o câncer. Então, a investigação etiológica da causa da anemia é fundamental”, diz.

O tratamento é feito com suplementação de ferro via oral ou intravenosa —para os casos graves, de intolerância oral ou com sangramento ativo. Também é possível fazer ajustes na dieta, aumentando a ingestão de alimentos ricos em ferro, como carnes vermelhas, frango e peixe.

Aqueles que são de grupos de risco específicos, como pessoas com dietas veganas ou vegetarianas, mulheres com fluxo menstrual intenso, gestantes ou indivíduos com doenças crônicas raras, devem fazer monitoramento regular dos níveis de ferro.