PRAIA GRANDE, SP (FOLHAPRESS) – À frente da secretaria municipal de Administração em Praia Grande, o ex-delegado-geral Ruy Ferraz, 64, era responsável por licitações, pelo patrimônio público da cidade e pela folha de pagamento, segundo o prefeito do município, Alberto Mourão (MDB).

Uma das principais linhas de investigação do assassinato dele, num ataque a tiros na noite desta segunda-feira (15), apura se o ataque ocorreu em represália ao trabalho dele na cidade.

Embora os processos de contestação de serviços para o poder público tenham início em várias secretarias municipais, a pasta de Administração é responsável por realizar os pregões e anunciar os vencedores das licitações. Essa função é, entre várias que o delegado licenciado fazia, aquela com maior potencial para contrariar interesses, disse o prefeito.

“Governar é suportar pressão e contrariar interesses, que às vezes se dizem legítimos”, disse Mourão. “Mas não vejo nada que levasse a isso.”

Ruy fazia gestão de recursos humanos, gestão de patrimônio e era responsável pela última fase dos processos licitatórios. Ele acompanhava os processos administrativos ligados ao pagamento de salários, por exemplo.

O ex-delegado de São Paulo tinha controle sobre algumas concessões do município. Segundo o prefeito, eram principalmente ligadas a quiosques de praia, concedidas por meio de autorização de área pública

Mourão frisou que Ruy não se envolvia nas questões de segurança do município. “Em hipótese alguma, até porque, quando ele veio [para Praia Grande], ele sempre falou que queria ficar fora da polícia, depois de passar 40 anos nisso”, afirmou.

O ex-delegado estava no cargo de secretário municipal desde janeiro de 2023 e foi mantido na pasta de Administração após a troca de gestão.

O CRIME

Morto a tiros de fuzil em Praia Grande, o ex-delegado-geral não chegou a se defender dos criminosos. A arma dele, segundo o registro de ocorrência do caso, uma pistola 9 milímetros, foi encontrada em uma bolsa junto com outros itens pessoais. O veículo foi atingido por 29 disparos.

A perseguição ainda deixou duas pessoas feridas. Um homem e uma mulher deram entrada em hospitais da cidade com ferimentos causados por tiros. De acordo com o registro policial, eles disseram que estavam na frente da casa de familiares quando foram atingidos pelos disparos. O estado de saúde deles não foi informado.

Ao menos dois veículos foram usados no crime. Um Toytota Hilux, que aparece nas imagens transportando suspeitos com armas, foi encontrado pegando fogo a cerca de dois quilômetros do assassinato. Agentes da GCM encontraram um Jeep Renegade abandonado em outro ponto, também à mesma distância. Perto dele havia um carregador de fuzil e um de pistola e munição deflagrada.