SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A investigação sobre o assassinato do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, 63, apura se a morte foi uma represália ao trabalho que ele vinha fazendo à frente da Secretaria de Administração de Praia Grande, na Baixada Santista —cargo que ocupava desde janeiro de 2023.

Ruy Ferraz foi morto a tiros após ser perseguido por criminosos depois de deixar a prefeitura, na noite desta segunda-feira (15).

A força-tarefa criada para investigar a morte do ex-delegado tem como foco o seu atual trabalho, não a atuação dele como delegado —o primeiro a investigar o PCC (Primeiro Comando da Capital).

A fiscalização de atividades na cidade litorânea, principalmente na região da orla, pode ter gerado inimigos, que buscavam tirá-lo do caminho, segundo fontes ouvidas pela Folha de S.Paulo.

A investigação, que teve início logo após o assassinato, tem certeza da participação do crime organizado na ação, e vê indícios parecidos com os identificados na morte do empresário e delator do PCC Antônio Vinícius Gritzbach, em novembro de 2024, na área de desembarque do aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo

Entre as semelhanças estão o uso de fuzil e a forma de manusear o armamento, algo classificado como profissional por quem investiga o crime. No caso de Gritzbach, a Polícia Civil concluiu que houve participação do crime organizado e de policiais militares.

Já se sabe que os criminosos que mataram Ruy Ferraz usaram dois tipos de fuzil, com calibres 556 e 7,62 mm.

A polícia analisa as imagens obtidas no local do crime. Foram coletados também material biológico no interior e exterior dos carros abandonados pelos assassinos.

Ambos os veículos —um Toyota Hilux e um Jeep Renegade— foram furtados na capital paulista em março. A investigação apura se os carros estavam escondidos durante esse tempo. Placas foram encontradas no interior de um deles, o que pode indicar troca constante de identificação dos carros.

Ruy Ferraz Fontes era considerado um dos maiores especialistas no PCC. Quando chefiava a 5ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), ele se tornou o primeiro delegado a investigar a atuação da organização criminosa no estado.

Ele atuou por 40 anos na Polícia Civil, tendo iniciado a carreira como delegado titular da delegacia do município de Taguaí, a 350 km da capital paulista, em 1988. Ao longo dos anos, foi delegado assistente do DHPP (Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), delegado titular da 1ª DP da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico), além da sua gestão à frente da 5ª DP de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos do Deic e de outras delegacias e divisões na capital.

Na gestão do governador João Doria, ele assumiu o maior posto da Polícia Civil do estado, como delegado-geral, de janeiro de 2019 a abril de 2022.