SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Ruy Ferraz Fontes, morto a tiros nesta segunda-feira (15) em uma avenida de Praia Grande (SP), era o delegado que mais sabia sobre o PCC no país, afirmou o promotor Lincoln Gakiya, que também é jurado de morte pelo crime organizado.
Ruy era jurado de morte desde 2006 e acompanhou o desenvolvimento do Primeiro Comando da Capital quando galgava seu caminho até o maior cargo da polícia, avaliou Gakiya. O promotor do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo do Ministério Público de SP falou sobre o assunto em entrevista ao canal GloboNews.
Ele também foi responsável pela idealização de concentrar toda a liderança do PCC em um único presídio na cidade de Presidente Venceslau, o que irritou o crime. “Na minha opinião, ele era o delegado do país que mais entendia de PCC. Ele trabalhou nessas investigações desde o início. O doutor Ruy não se colocou nessa situação”, afirmou.
Em 2010, um plano de assassinar o delegado foi colocado em curso pelo PCC e frustrado por uma investigação do Gaeco. Segundo Gakiya, criminosos com fuzis matariam Ruy diante do 69 DP, em Teotônio Vilela, mas foram presos com ajuda do então tenente Guilherme Derrite, que hoje é o secretário de Segurança Pública de São Paulo.
Estado não ofereceu proteção necessária ao delegado após aposentadoria dele, avalia Gakiya. O promotor ressaltou que após a aposentadoria, ele não ganhou qualquer tratamento especial de segurança. No momento em que foi assassinado, o delegado dirigia um carro próprio sem qualquer tipo de blindagem.
“Depois da sua aposentadoria, a partir de 2023, ele passou a não ter nenhuma proteção do estado. Me parece que uma autoridade que dedicou mais de 40 anos ao combate ao crime organizado deveria ter uma proteção do estado”, disse Lincoln Gakiya, promotor do MP-SP.
MORTO A TIROS DE FUZIL
Ruy Ferraz Fontes foi morto a tiros de fuzil na noite de ontem em Praia Grande, na Baixada Santista. O crime aconteceu na avenida Doutor de Roberto de Almeida Vinhas, a poucos quilômetros da prefeitura da cidade, onde ele trabalhava.
Criminosos o perseguiram de carro até ele bater em um ônibus e desceram do veículo após o acidente, atirando contra ele em seguida. Imagens obtidas pelo UOL mostram o momento que o delegado tentar fugir dos atiradores em uma Hilux SW4 preta, perde o controle e é assassinado.
Mais de 20 disparos foram feitos em direção ao ex-delegado, segundo o atual delegado-geral de polícia de São Paulo, Artur Dian. Segundo ele, Ruy Ferraz foi atingido nos braços, pernas e no abdômen.
SSP lamentou a morte de Fontes. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse “lamentar, com profundo pesar, a morte do delegado Ruy Ferraz Fontes, ocorrida nesta segunda-feira, em Praia Grande, vítima de um atentado no bairro Vila Mirim”.
O carro usado pelos criminosos foi localizado pela polícia. No entanto, até o momento ninguém foi preso.