BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – Era só pisar na pista que a atenção se voltava para ela. Adversárias e técnicos não conseguiam esconder a tensão de dividir a final com uma das atletas mais vencedoras da base do atletismo brasileiro.
Hakelly de Souza tem apenas 16 anos, mas assume a responsabilidade de quem está escrevendo uma história rara na modalidade. Não se trata apenas de vitórias pontuais. A atleta coleciona conquistas em todas as categorias de base sub-16, sub-18, sub-20 e sub-23 e, em cada uma delas, transformou seu talento em hegemonia. Esse domínio precoce faz dela não só uma campeã juvenil, mas uma esperança concreta do Brasil nos próximos ciclos olímpicos.
Nos Jogos da Juventude, em Brasília, Hakelly voltou a brilhar: confirmou o tricampeonato nos 100 metros rasos. Uma vitória comemorada na base da superação: o tempo dela na capital foi de 11s84, enquanto no Brasileiro foi 11s82. Uma constância vencedora.
“Eu não vim 100%, por causa do Campeonato Brasileiro sub-20 disputado há pouco tempo, e o calor de Brasília realmente pesou, mas consegui fazer uma boa prova”, diz a atleta.
O ouro somou-se a outros títulos já conquistados na competição, incluindo vitórias nos 200 metros, garantindo o tricampeonato nos Jogos. A cada muralha que ergue nas pistas, a jovem mostra que não está apenas competindo: está construindo um legado.
“O pessoal costuma dizer que eu ‘zerei’ a categoria de base. Eu ganhei sub-16, sub-18, sub-20, sub-23 nos 200 metros rasos. E esse ano eu tive uma conquista incrível, que nem meu técnico acreditava. Disputei o Troféu Brasil, a maior competição da América Latina, batendo o recorde brasileiro e sul-americano sub-18, tanto nos 100 metros como nos 200 metros”.
Os recordes nacionais que estabeleceu na base reforçam sua posição de destaque. Mais do que números, eles simbolizam a consistência de uma atleta que não se intimida com a pressão, responde em momentos decisivos e mantém a chama acesa em cada desafio.
Hakelly já fala abertamente sobre os próximos passos: os Jogos Olímpicos de 2028, em Los Angeles, aparecem no horizonte, mas o alvo maior está em 2032, quando sonha subir ao pódio. O caminho até lá é longo, mas a forma como ela domina as categorias de base dá ao Brasil motivos de sobra para acreditar.
Meu foco é participar dos Jogos Olímpicos de 2028 e conquistar uma medalha para o Brasil em 2032. Não apenas eu, mas tendo ao lado minha equipe.Hakelly
Se vencer cedo nem sempre garante sucesso no futuro, Hakelly mostra que consistência e mentalidade competitiva podem transformar promessas em realidade. Suas conquistas na base não são apenas troféus no armário são credenciais que a colocam entre as maiores esperanças do esporte nacional.