SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Motoristas que circulavam pela avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas, em Praia Grande, no início da noite de segunda-feira (15), se desesperaram ao ver um carro tombado na pista ser atingido por vários tiros de fuzil.

O alvo era o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, executado minutos depois de deixar o trabalho na Prefeitura de Praia Grande. Imagens registradas por quem passava pelo local, na esquina com a rua 1º de Janeiro, a poucos metros da sede municipal, registraram os tiros.

Um dos vídeos mostra o Fiat Argo de Ruy tombado após ter batido em um ônibus. Do lado direito da imagem está o carro usado pelos criminosos. Em um dos veículos no local, uma mulher que grava a cena pergunta “vó, é tiro?”. Assim que a avó responde, outros tiros são ouvidos. As imagens mostram motociclistas se jogando no chão e se abaixando após os disparos.

Enquanto os últimos tiros são disparados, um dos carros dos atiradores deixa o local.

Primeiro a investigar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Fontes assumiu o cargo de secretário de Administração na prefeitura da cidade da Baixada Santista em janeiro de 2023.

O ataque contra o Ruy teve início a poucos metros de distância da prefeitura. Ele havia acabado de encerrar o expediente e, excepcionalmente, não estava com o carro blindado que usava no dia a dia, segundo o prefeito.

O delegado atuou por 40 anos na Polícia Civil, tendo iniciado a carreira como delegado titular da delegacia do município de Taguaí, a 350 km da capital paulista, em 1988.

Na gestão do governador João Doria, ele assumiu o maior posto da Polícia Civil do estado, como delegado-geral, de janeiro de 2019 a abril de 2022.

O ex-delegado era considerado um dos maiores especialistas no PCC, e foi responsável por divulgar a hierarquia e a estrutura da organização.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou a integração de uma força-tarefa para prender os responsáveis pelo assassinato e disse que o governo trabalha para que os criminosos sejam exemplarmente punidos pela Justiça.

De acordo com Artur Dian, atual chefe da Polícia Civil de SP, os criminosos usaram táticas e técnicas apuradas para a execução. “Então a gente não pode descartar nada sobre o crime organizado ter participado.”