SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, cobrou do colega americano Donald Trump uma “posição clara” acerca do comprometimento dele com as negociações acerca de uma eventual trégua no conflito com a Rússia.
“Antes do fim da guerra, eu realmente quero ter todos os acordos prontos. Eu quero ter um documento apoiado pelos Estados Unidos e pelos parceiros europeus. Para que isso ocorra, nós precisamos de uma posição clara do presidente Trump”, disse ele à rede britânica Sky News nesta terça-feira (16).
Ele se referia às chamadas garantias de segurança, um conjunto de medidas que evitaria novas invasões russas em caso de haver um cessar-fogo entre Kiev e Moscou, que invadiu o vizinho em 24 de fevereiro de 2022.
Zelenski e vários líderes europeus querem que essa salvaguarda se materialize na forma de uma força de paz, algo que Vladimir Putin rejeita de forma peremptória a ameaça de entrada da Ucrânia na aliança militar Otan e consequente presença de tropas ocidentais no país são um dos motivos para o começo da guerra.
Trump até aqui foi ambíguo, como sempre. Já disse que daria apoio aéreo a uma força europeia, mas depois desconversou. Nos últimos dias, tem reiterado ameaça de punir Moscou com novas sanções, provavelmente direcionadas a parceiros comerciais do país, como a China e a Índia algo que atinge até o Brasil, comprador de diesel russo.
Mas, depois de exigir que a Europa aplicasse sobretaxas de importação conta Pequim e Nova Déli para daí tomar uma atitude, o republicano agora também incluiu no rol de demandas que países da Otan parem de comprar petróleo russo Turquia, Hungria e Eslováquia dependem do produto.
Críticos de Trump, que abriu as portas para Putin após três anos de isolamento diplomático do russo no Ocidente, suspeitam que dele apenas esteja querendo ganhar tempo e testar limites da Europa. A incursão de drones do Kremlin na Polônia, na semana passada, reforçou essa percepção.
Enquanto isso, a guerra continua. Zelenski publicou no X nesta terça que, apenas nas duas primeiras semanas de setembro, a Rússia lançou 3.500 drones e quase 190 mísseis contra seu país, sugerindo mais um mês recorde na violência.
“Também houve provocações a nossos parceiros”, escreveu, em relação ao episódio polonês, que levou à criação de uma missão específica da Otan para reforçar os céus do Leste Europeu. Nesta terça, o secretário de Defesa britânico, John Healey, disse que “se houver drones colocando vidas polonesas em risco, então a Otan vai agir para tirá-los de ação”, afirmou.
Ele reforçou o que a aliança já havia dito: não haverá ações em céus ucranianos, apenas sobre território coberto pelo clube militar. O temor de uma escalada potencialmente nuclear com os russos segue presente.
Isso exaspera Zelenski, que esperava que o caso polonês aumentasse sua defesa. “Esta é a hora de implementar uma proteção conjunta dos nossos céus europeus. Tudo o que precisamos é determinação e investimento”, insistiu na postagem.
Nesta madrugada e manhã, a Rússia seguiu lançando drones contra a Ucrânia. Ao menos duas pessoas morreram em Zaporíjia (sul), onde um grande incêndio atingiu casas após o bombardeio. Em Kharkiv (norte), uma pessoa filmou a hora em que um drone suicida atingiu um edifício no centro da cidade, a segunda maior da Ucrânia.
Os russos afirmam ter atingido um centro de distribuição de gás em Sumi, no norte ucraniano. Já Kiev afirmou ter atingido a terceira refinaria russa desde o fim de semana com drones, desta vem em Saratov, no sul do país de Putin.