SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Assassinado a tiros de fuzil na noite de segunda-feira (15), em Praia Grande, no litoral paulista, o ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, disse semanas antes temer pela própria segurança. “Tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles.”
A declaração foi dada à rádio CBN, e faz parte de uma entrevista para um podcast ainda em produção. Primeiro a investigar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Fontes foi assassinado após deixar o trabalho. Ele era secretário na prefeitura da cidade da Baixada Santista.
Ele conta que desde 2002 havia sido encarregado de fazer investigações sobre o crime organizado, especificamente o PCC.
Segundo o jornal O Globo, Fontes também afirmou que, se estivesse na ativa, teria estrutura para se defender.
O atual delegado-geral, Artur Dian, disse na noite de segunda que Fontes não temia estar sendo seguido. “Pelo que levantamos preliminarmente ou das últimas vezes em que pude conversar com ele, não existia esse receio. Claro que um policial sempre tem toda a cautela, ele andava armado.”
O chefe da Polícia Civil também afirmou que a investigação vai analisar todas as imagens que forem coletadas sobre a circulação de carros na região da prefeitura, tanto no momento do crime quanto em dias anteriores.
O ataque contra o Fontes teve início a poucos metros de distância da Prefeitura de Praia Grande, no litoral paulista, onde trabalhava. Ele havia acabado de encerrar o expediente e, excepcionalmente, não estava com o carro blindado que usava no dia a dia, disse o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB).
As imagens da câmera de segurança que gravou o assassinato mostram que o carro de Fontes colide contra um ônibus no cruzamento avenida Doutor Roberto de Almeida Vinhas com a rua 1º de Janeiro. O endereço está a poucos quarteirões da sede da prefeitura, na avenida Presidente Kennedy.
O relato do prefeito indica os criminosos estariam à espera do secretário, num trajeto que ele fazia com frequência. Segundo Mourão, o carro foi atingido pela primeira série de tiros de fuzil assim que virou a primeira esquina. Ele conseguiu fugir por cerca de 600 metros até bater contra um ônibus e ser alvo de novos disparos.
O ataque ocorreu por volta das 18h20. Segundo Mourão, era um pouco mais cedo do que o horário habitual de saída do secretário, que normalmente trabalha até por volta das 19h.
De acordo com Artur Dian, os criminosos usaram táticas e técnicas apuradas para a execução. “Então a gente não pode descartar nada sobre o crime organizado ter participado.”