SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Como esperado pelos institutos de meteorologia, a primeira quinzena de setembro apresentou um clima extremamente seco no estado de São Paulo, o que fez com que o nível dos mananciais de água da região metropolitana da capital permanecesse em queda e chegasse a esta segunda-feira (15) com apenas 33,5% do seu volume total.
Uma das razões para essa baixa foi a escassez de chuva. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), nos primeiros 15 dias do mês não choveu na estação do Mirante de Santana, na zona norte da capital, onde é feita a medição oficial da cidade.
Foi uma queda de 3,7 pontos percentuais nos 15 dias e de 7,3 pontos nos últimos 30 dias, considerando os sete sistemas que abastecem a região: Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço.
O Cantareira, que é o maior dos sistemas, caiu 3,6 e 6,9 pontos percentuais, respectivamente, terminando a quinzena com apenas 31% de seu volume. Este é o nível mais baixo desde a crise hídrica de 2014 e 2015, quando ficou negativo.
Medidas preventivas foram adotadas desde o dia 27 de agosto para reduzir perdas e evitar vazamentos.
Por determinação da Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo), a Sabesp iniciou a redução da pressão da água por oito horas (das 21h às 5h) na Grande São Paulo.
Segundo a companhia de abastecimento, nesse período foram economizados 5,3 bilhões de litros de água dos mananciais. Esse volume, que deixou de sair dos reservatórios, seria suficiente para abastecer mais de 600 mil pessoas por um mês inteiro, o equivalente à população somada de Carapicuíba e Cotia.
A previsão do tempo indica uma mudança no cenário climático de São Paulo a partir desta terça-feira (16), devido à proximidade da primavera, que começa na próxima segunda (22). Segundo Guilherme Borges, meteorologista da startup de monitoramento climático FieldPro, há possibilidade de pancadas de chuvas de 5 mm a 10 mm na tarde desta terça na capital.
O Inmet também emitiu um alerta amarelo de perigo potencial para tempestade em grande parte do estado, indicando precipitação de 20 mm a 30 mm por hora e até 50 mm por dia, com chance de queda de granizo, baixo risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de galhos de árvores e de alagamentos.
Depois, de quarta (17) a sexta-feira (19), o tempo volta a ficar seco, mas as instabilidades retornam no sábado (20), dia em que as perspectivas de acumulado de chuva são de 10 mm.
Borges destaca, porém, que na segunda, juntamente com a primavera, chegará ao estado uma frente fria mais forte que provocará chuva mais expressiva até quarta-feira (24).
“A presença das instabilidades na capital provocará chuva de 30 mm a 40 mm na segunda. Na terça, a precipitação deve ser mais comedida, mas em pancadas entre 5 mm e 10 mm. A tendência é de que as chuvas de sábado e segunda possam ajudar a trazer um pouco mais de água aos reservatórios de São Paulo”, diz Borges.
O meteorologista conta que as últimas frentes frias eram fracas e passavam pelo oceano, longe da costa paulista, sem força para provocar chuvas mais volumosas na capital. Esta que chega ao estado, porém, tem características continentais e força suficiente para mudar o tempo inclusive no interior do país, onde um bloqueio atmosférico tem mantido o clima quente e seco há meses.
Ele diz que os modelos apontam pancadas de chuva avançando por Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, além do Sudeste.
DEFESA CIVIL MANTÉM ALERTA PARA QUEIMADAS NO INTERIOR
Apesar de a previsão do tempo indicar a volta de chuva, a Defesa Civil estadual ainda alerta para o risco extremo das queimadas no estado nos próximos dias, principalmente, nas regiões entre o centro e o oeste. Por isso, o governo instalou o Gabinete de Crise no CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas), no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital.
O objetivo é otimizar a resposta às ocorrências de incêndios, reduzir o tempo de mobilização de recursos e garantir maior eficiência no enfrentamento aos eventos críticos.
De acordo com o mapa de risco de incêndio elaborado pela Sala SP Sem Fogo, a última semana do inverno será a mais crítica da estiagem em 2025, com previsão de nível de emergência para queimadas. O cenário é marcado por altas temperaturas e baixíssimos índices de umidade relativa do ar, principalmente nas regiões centro-oeste, norte, oeste e noroeste do estado.
“Estamos diante de um cenário de risco que exige muita atenção, além da união de esforços e respostas rápidas. A presença integrada das instituições permite salvar vidas, proteger o meio ambiente e minimizar os prejuízos causados pela estiagem”, afirmou o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Henguel Ricardo Pereira.
Esta segunda, por exemplo, terminou com seis incêndios ativos no estado, nos municípios de Cruzeiro, Brotas, Valinhos, Bauru, Guaimbê e Timburi.