SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Assassinado na noite desta segunda-feira (15) em Praia Grande, na Baixada Santista, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, 63, era considerado um dos principais especialistas do país sobre a estrutura da facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
Quando chefiava a 5ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), ele se tornou o primeiro delegado a investigar a atuação da organização criminosa no estado. Ultimamente, já aposentado, ele era secretário de Administração de Praia Grande, cargo assumido em janeiro de 2023.
No Deic, a equipe de Fontes indiciou por formação de quadrilha todos os líderes do PCC no início dos anos 2000, ocasião em que divulgou os primeiros organogramas do PCC, indicando Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola; César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha (1968-2006); e José Márcio Felício, o Geleião (1961-2021), como os cabeças da facção.
Os criminosos foram transferidos para o regime disciplinar diferenciado) no CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) do presídio de Presidente Bernardes, inaugurado em abril de 2002 para abrigar integrantes de facções criminosas.
Por sua atuação, em 2007 ele recebeu da Câmara Municipal de São Paulo a medalha Tiradentes, honraria concedida a policiais civis, militares e guardas-civis metropolitanos que se destacam.
Nascido na cidade de São Paulo, Fontes era graduado na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e pós-graduado em direito civil na mesma instituição. Possui especialização em administração geral e financeira em órgãos públicos e participou de cursos complementrares como o curso antidrogas e antiterrorismo, realizado pelo Ministério do Interior e da Segurança Pública da Polícia Nacional da França; e o curso de aperfeiçoamento sobre repressão às drogas, em Vancouver, pela Polícia Montada do Canadá.
Ele atuou por 40 anos na Polícia Civil, tendo iniciado a carreira como delegado titular da delegacia do município de Taguaí, a 350 km da capital paulista, em 1988. Ao longo dos anos, foi delegado assistente do DHPP (Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), delegado titular da 1ª DP da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico), além da sua gestão à frente da 5ª DP de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos do Deic e de outras delegacias e divisões na capital.
Na gestão do governador João Doria, ele assumiu o maior posto da Polícia Civil do estado, como delegado-geral, de janeiro de 2019 a abril de 2022.
Ainda foi diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), professor assistente de criminologia e direito processual penal da Universidade Anhanguera e professor de investigação policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo.