SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (15) que as Forças Armadas dos Estados Unidos atacaram um segundo barco venezuelano que, diz o republicano, “estava em águas internacionais transportando narcóticos ilegais”. Segundo a publicação de Trump, que inclui um vídeo aéreo do momento, a ação matou os três “narcoterroristas” que estavam a bordo.
O anúncio do republicano vem momentos depois de o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmar em entrevista coletiva que os EUA estão preparando uma “agressão” de “caráter militar” contra seu país e assegurar que seu regime está autorizado pelas “leis internacionais” para enfrentá-la.
Nas últimas semanas, os EUA já haviam posicionado oito navios em águas do Caribe sul em uma operação antidrogas. Washington acusa Maduro de supostos vínculos com o narcotráfico e oferece uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 273 milhões) pela captura do venezuelano.
Há duas semanas, Trump também relatou que as forças dos EUA destruíram um barco que estaria saindo da Venezuela supostamente carregado de drogas, matando 11 pessoas. O americano não apresentou publicamente qualquer evidência de que havia drogas no barco e de que as pessoas fossem traficantes.
Depois da escalada, Maduro anunciou início de uma operação militar “de resistência”, em resposta ao que classificou de ameaça americana. O ditador falou em 284 “frentes de batalha” em todo o país, mas não especificou o número de tropas envolvidas nem o que significariam essas frentes, uma vez que o território da Venezuela, até o momento, não foi alvo de ataque.
“Isso não é tensão. É uma agressão generalizada, é uma agressão policial, uma agressão política, uma agressão diplomática e uma agressão contínua de caráter militar”, disse Maduro.
Mesmo com o histórico de negociações bilaterais ao longo dos últimos anos, o ditador reiterou que a relação entre os países mudou definitivamente. “As comunicações com o governo dos EUA estão rompidas, estão rompidas por eles com suas ameaças de bombas, morte e chantagem”, afirmou, ao apontar o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como o “senhor da morte e da guerra”.
Rubio havia apontado Maduro na semana passada como um “fugitivo da justiça americana” em relação à recompensa que os Estados Unidos oferecem por sua captura.
Nesta segunda-feira, em entrevista à Fox News antes das declarações de Maduro, Rubio disse que o venezuelano “representa uma ameaça direta à segurança nacional” dos EUA devido ao suposto tráfico de drogas do qual é acusado.
A Venezuela rejeita essas acusações e, na semana passada, Maduro ordenou o envio de pelo menos 25 mil soldados das Forças Armadas para os estados fronteiriços com a Colômbia e o Caribe. O ditador também convocou civis para se alistarem na Milícia Bolivariana, um corpo militar composto por civis, para reforçar as tropas diante de uma eventual invasão americana.
Além disso, na última sexta, o ditador convocou reservistas, milicianos e jovens que se alistaram para que comparecessem aos quartéis no fim de semana para receberem treinamento militar e aprenderem “a atirar” para defender o país.
Durante o fim de semana, o regime venezuelano denunciou que militares americanos que fazem parte da tripulação do contratorpedeiro da Marinha americana retiveram por oito horas um navio de pesca de atum que navegava em águas do Caribe venezuelano.