BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (16). A ideia inicial era que Tarcísio viajasse a Brasília nesta segunda-feira (15), mas o plano acabou adiado.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão na última quinta-feira (11), e o governador articula para que o Congresso aprove uma anistia ao ex-presidente para livrá-lo da cadeia. A visita ao ex-presidente, que cumpre prisão domiciliar, depende de autorização pelo ministro Alexandre de Moraes.

Nesta semana, o PL vai pleitear que o perdão aos condenados por tentativa de golpe seja levado ao plenário da Câmara. Do outro lado, o PT pretende que o assunto na pauta desta semana seja a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000.

A pauta de votação será definida pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta terça-feira, em reunião com líderes partidários pela manhã.

Aliados de Tarcísio afirmam que as articulações para pautar a anistia já foram feitas e que o assunto está encaminhado.

Na primeira semana do julgamento de Bolsonaro pelo STF, Tarcísio esteve em Brasília por dois dias, dedicado a conversas com líderes e dirigentes do centrão para construir maioria pela anistia. Após a intervenção do governador, o Republicanos e parte do PSD se uniram a PL, PP e União Brasil na cobrança pública para livrar o ex-presidente da prisão.

Depois, no ato bolsonarista do 7 de Setembro, Tarcísio cobrou anistia, atacou o STF e chamou Moraes de ditador e tirano.

Como mostrou a Folha, o avanço da anistia esbarra na resistência do governo Lula (PT), dos ministros do STF, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e também do próprio presidente da Câmara. Motta se vê pressionado e admite votar a medida, mas busca uma saída definitiva, que seja pactuada com os demais Poderes.

Outro entrave para o projeto de anistia é a falta de um texto de consenso. O PL, por exemplo, trabalha com uma minuta que prevê até o perdão eleitoral a Bolsonaro, tornando o ex-presidente apto a concorrer em 2026.

Dirigentes, líderes e deputados de siglas como PP, União Brasil e Republicanos afirmam que uma proposta mais abrangente, como essa que defende o PL, teria dificuldade de avançar na Câmara dos Deputados.

No entendimento de cardeais desses partidos, Tarcísio é o mais competitivo para enfrentar Lula. Portanto, articulam para livrar Bolsonaro da prisão, mas mantêm o plano de lançar o governador de São Paulo ao Palácio do Planalto.

Como mostrou a Folha, o cargo de vice de Tarcísio já vem sendo discutido e é disputado por políticos do centrão, inclusive o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).