BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – Após uma manhã de protestos que ocuparam o centro de Belém nesta segunda-feira (15), centenas de operários da construção civil decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta terça (16).

A paralisação vai afetar diretamente as obras para a construção de hotéis e imóveis para a COP30, a cúpula sobre mudanças climáticas da Nações Unidas, que acontece em menos de dois meses na cidade.

A manifestação foi acompanhada de perto por agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar do estado. Integrantes do sindicato da categoria estiveram nas obras de infraestrutura para a COP30, interditando os espaços e convidando os trabalhadores a aderirem ao movimento, que faz parte da data base da categoria.

A caminhada seguiu até o Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção) do Pará, no centro da capital, com objetivo de forçar uma negociação com os empresários, após duas tentativas frustradas ocorridas esse mês.

“Na última negociação, na semana passada, eles nem compareceram, só enviaram a mesma proposta por e-mail. Viemos aqui negociar, mas eles nos ignoraram e decidimos deflagrar a greve por tempo indeterminado a partir de amanhã”, diz o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Belém, Aurinor Gama.

Os trabalhadores pedem reajuste 9,5% no piso salarial, aumento de 30% na PLR (Participação de Lucros e Resultados) e o reajuste do valor da cesta básica, de R$ 110 para R$ 270. A proposta patronal é de reajuste de 5,5% nos salários, 3% na PLR e acréscimo de R$ 10 na cesta básica.

“A gente sabe que os empresários nunca ganharam tanto dinheiro como agora, com o governo federal colocando dinheiro nas obras. Havia uma promessa de aumentar o emprego e melhorar a economia, mas o que se vê são empregos precarizados e sem reajuste digno para os trabalhadores”, afirma Gama.

O Sinduscon informou à Folha de S.Paulo que não emitirá nenhuma declaração nesse momento.

A paralisação envolve trabalhadores de Belém e dos municípios de Ananindeua e Marituba, na região metropolitana. Só na capital, são oito mil operários que atuam diretamente em obras relacionadas à COP30.

“São obras de grandes hotéis, como o Vila Galé, no Porto Futuro 2, Tivoli e muitos outros, assim como imóveis que estão sendo construídos para a COP30, que estarão completamente paradas a partir de amanhã. Querem a cidade bonita e não dão dignidade aos trabalhadores”, ressalta o sindicalista.

Ainda segundo o coordenador geral do sindicato, a paralisação deve afetar indiretamente algumas obras públicas, pois os trabalhadores que atuam nelas são de outro sindicato. “Chamamos para aderir, mesmo que sejam de data base diferente. Nossa expectativa é que uma parcela participe”.