SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – As ruas de Londres foram tomadas por mais de 110 mil manifestantes neste sábado (13), que pediam liberdade de expressão e fechamento de fronteiras para imigrantes. No centro do protesto estava o ativista de extrema direita Tommy Robinson.

CRIADOR DE ASSOCIAÇÃO ANTI-ISLÃ, INSTIGOU ATAQUE A MESQUITA

Stephen Yaxley-Lennon, conhecido como Tommy Robinson, é um ativista nacionalista britânico, de 42 anos. Em 2011, ele criou a Liga de Defesa da Inglaterra, um movimento social islamofóbico que pregava o “banimento de terroristas”, em referência aos muçulmanos que viviam no país.

Na mesma linha, também lidera movimento “contra-jihad”. Para os adeptos, o islamismo não deve ser visto como uma religião, mas uma ameaça às liberdades e às religiões do Ocidente.

Foi membro de partidos fascistas e de extrema direita. Desde 2005, Robinson foi afiliado a diversos partidos e organizações, como o Partido Nacional Britânico, de orientação fascista, o Partido Liberal Britânico, do qual foi vice-presidente, e o Partido de Independência do Reino Unido, que segue o populismo de extrema direita.

Em 2017, instigou ataque a mesquita. Robinson teria enviado e-mails ao agressor, Darren Osborn, um dia antes de ele atropelar 12 muçulmanos próximos a uma mesquita, deixando um morto e 11 feridos. Nas mensagens, Robinson escreveu: “Há uma nação dentro de uma nação, formando-se logo abaixo da superfície do Reino Unido. É uma nação construída sobre o ódio, sobre a violência e sobre o Islã”. A unidade contra-terrorista da polícia inglesa considerou que Robinson fez “lavagem cerebral” em Osborn e o incentivou a realizar o atentado.

Ativista também defende a chamada “teoria da grande substituição”. A tese supremacista conspiratória, que ecoa fortemente nos círculos da extrema direita na Europa e nos EUA, afirma que a raça branca está sendo substituída.

EX-HOOLIGAN E TORCEDOR FANÁTICO DO LUTON TOWN

Muitos dos membros da Liga de Defesa da Inglaterra eram torcedores do Luton Town recrutados pelo próprio Robinson. Ele foi acusado de instigar brigas com torcedores rivais e chegou a ser preso por iniciar uma confusão com apoiadores do Newport County, na qual mais de 100 pessoas se envolveram.

Extremista invadiu sede da Fifa. Em 2011, Robinson subiu no telhado do prédio da instituição, em Zurique, na Suíça, para protestar sobre a proibição da seleção inglesa de usar botons em homenagem aos soldados britânicos mortos. Ele foi preso por três dias e multado em 3 mil libras esterlinas (cerca de R$ 7,7 mil, na época).

LIGADO AO MAGA, DE TRUMP, E A MUSK

Para o Robinson, presidente dos EUA, Donald Trump, é inspiração. “Só existe um país no mundo, um governo que luta por toda a nossa liberdade de expressão. Não é o nosso governo. Certamente não é a União Europeia. É o Partido Republicano nos EUA. É J.D. Vance. É Donald Trump”, disse durante discurso na manifestação.

Ativista conta com apoio do bilionário Elon Musk. O ex-aliado de Trump participou do protesto por videoconferência. Ele pediu a dissolução do Parlamento britânico e a troca do governo, liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer, do Partido Trabalhista.

“Quer você escolha a violência ou não, a violência virá até você. Ou você luta, ou morre”, disse Elon Musk, em discurso.

Em 2018, o ativista foi banido do Twitter (agora X), Facebook e Instagram. Ele só voltou à rede social, hoje sob nome X, depois que Musk a comprou. Nas vezes em que esteve preso, o empresário fez uma série de posts pela sua libertação.

Tommy Robinson foi preso várias vezes. Entre os crimes cometidos estão a participação em brigas generalizadas, organizações de protestos violentos, ataques a policiais, uso de passaporte falso, fraude hipotecária e stalking. Segundo ele, prisões são tentativas de silenciá-lo.