RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A comissão médica da CBF vai analisar o atendimento feito ao goleiro Brazão, do Santos, para ver se houve alguma irregularidade no atendimento durante a partida contra o Atlético-MG, considerando o protocolo de concussão.

A entidade já pediu os relatórios do médico Maurício Zenaide, que atuou na partida em Belo Horizonto, para entender se ele adotou procedimentos corretos depois do choque de cabeça de Brazão. A recomendação é: na dúvida, tire o jogador de campo.

“Cabe ao médico do clube. Há a orientação nítida, o protocolo bem rígido, para fazer o diagnóstico de concussão. Em caso de dúvida, a recomendação é retirar. Agora, vai ser analisado todo o procedimento. Vamos analisar o atendimento da situação toda para ver como ocorreu: a primeira (permanência), a segunda (saída de ambulância) e o return to play (procedimento para voltar após cinco dias)”, disse Jorge Pagura, presidente da comissão médica da CBF, à reportagem.

Se a CBF concluir que houve problemas no atendimento do Santos, pode direcioná-lo para uma requalificação sobre o tema concussão.

O goleiro do Santos chegou a permanecer em campo imediatamente após a pancada na cabeça, mas depois ficou tonto e saiu de ambulância. Segundo a súmula, Brazão foi substituído por concussão, tanto que o Santos fez seis alterações.

O pedido dos relatórios para análise do atendimento é comum na comissão médica.

A ideia é checar a conduta no exame de reconhecimento rápido da concussão e também no questionário que é estipulado para verificar o nível de consciência do jogador.

Segundo Rodrigo Zogaib, coordenador do núcleo de Saúde do Santos, Brazão estava consciente, orientado e respondeu as perguntas de forma correta. Agora, isso será apresentado à CBF.

O goleiro ficou com um galo na cabeça e depois alertou o médico de que estava com tontura. Por isso, foi para o hospital.

A CBF vai acompanhar o caso e só terá uma conclusão sobre a condução depois que Brazão voltar a jogar, porque vai checar também como será o trabalho para voltar a jogar. O goleiro obrigatoriamente ficará cinco dias fora de atividade, como prevê o protocolo de concussão.

A comissão médica analisa os lances com vídeos da transmissão, com imagens do VAR e também pela plataforma Wyscout, que mapeia as lesões.

A prerrogativa de definição da gravidade e da reação à lesão é do médico que faz o atendimento em campo, de cada clube.

A CBF não é como a NFL, por exemplo, que tem um médico do jogo para retirar o jogador em caso de concussão. De todo modo, a comissão médica usa o “em dúvida, tira” como recomendação.

O QUE É PARA FAZER NO CAMPO?

Pelo protocolo da CBF, há alguns sinais claros de concussão, que demandam retirada imediata do jogo: perda de consciência, convulsão, jogador deitado no chão sem se mover, marcha instável com a cabeça baixa e olhar vago.

É preciso ainda olhar sinais de alerta, como visão dupla, dor de cabeça intensa, olhar fixo para um ponto, vômitos, lesão facial visível.

Depois, o médico faz o teste de memória: Qual o campeonato? Contra quem é o jogo? Em que cidade? Qual o placar? Qual o nome do técnico?

Se houver respostas incoerentes, o jogador deve ser substituído.