SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em queda nesta segunda-feira (15), com os investidores começando a semana à espera da chamada “Superquarta” (17), quando o Banco Central e o Federal Reserve (o banco central americano) decidirão os juros no Brasil e nos Estados Unidos. Às 9h04, o dólar à vista cedia 0,25%, a R$ 5,34 na venda.

Nos EUA, a expectativa é do primeiro corte deste ano, de 25 pontos na taxa básica, e por aqui o BC deve manter a Selic em 15% ao ano. Os comunicados das decisões serão acompanhados com atenção, na expectativa de sinalização dos próximos passos da política monetária de ambos os países.

Nesta segunda, o mercado repercute o Boletim Focus, com economistas consultados pelo Banco Central reduzindo suas estimativas para a inflação neste ano (de 4,85% para 4,83%) e ajustando para baixo suas projeções para a taxa básica de juros em 2026.

Além disso, o IBC-Br (índice de Atividade Econômica do Banco Central) de julho mostrou uma desaceleração maior que a esperada por analistas, com uma queda de 0,5% ante junho.

No radar, estão ainda possíveis retaliações dos EUA após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses. Na última quinta (11), o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o país responderá “adequadamente” ao que chamou de novo de “caça às bruxas” contra Bolsonaro.

Na última sexta (12), beneficiado por fluxo estrangeiro, o dólar fechou o pregão em queda de 0,70%, a R$ 5,353, o menor patamar desde junho do ano passado, segundo dados da CMA. O Ibovespa encerrou o dia em queda de 0,61%, a 142.271 pontos.

Para analistas, a perspectiva de cortes nas taxas de juros nas próximas reuniões do Federal Reserve (o banco central americano) ajuda a atrair recursos para o Brasil, valorizando o real. Durante o pregão, a moeda americana chegou a ser negociada no patamar de R$ 5,34.

“O dólar está caindo principalmente por conta de três cortes de juros que o mercado já está precificando nos Estados Unidos, que devem acontecer neste ano”, diz Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

É a mesma avaliação de Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank. “Temos um diferencial de juros bastante favorável para o ingresso de fluxo de capital especulativo para o Brasil e isso favorece o real”, afirma.

A confiança do consumidor dos EUA, indicador divulgado pela Universidade de Michigan, caiu pelo segundo mês consecutivo em setembro, conforme os consumidores observaram riscos crescentes para as condições de negócios, o mercado de trabalho e a inflação.

“Os consumidores americanos se mostraram mais pessimistas nesse mês de setembro, e isso ajudou a consolidar a perspectiva de que vai ter corte de juros nos Estados Unidos”, aponta Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Já o Ibovespa operou o dia todo em queda, em movimento de correção após renovar máximas nesta quinta (11).

“Existe o risco de que os Estados Unidos coloquem mais alguma punição, seja sanção, seja tarifa”, diz Mattos, da StoneX. “O fato é que essa condenação dificulta uma solução negociada entre Brasil e Estados Unidos para tentar reduzir essas tarifas.”

O mercado ainda avaliou os dados de serviços no Brasil em julho, divulgados pelo IBGE. O volume de serviços prestados no Brasil cresceu 0,3% em julho sobre o mês anterior, em linha com o esperado por economistas. Foi a sexta alta mensal consecutiva do setor, que segue mostrando resiliência em meio ao aperto monetário.

Para a equipe da Ágora Investimentos, o tom mais contido no exterior e um receio entre os investidores sobre uma possível reação dos Estados Unidos ao desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF poderiam prejudicar o desempenho dos ativos locais nesta sexta-feira, conforme relatório a clientes.