PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O crescimento da produção industrial e do varejo da China em agosto tiveram desaceleração, chegando ao pior patamar desde janeiro. O primeiro marcador registrou alta de 5,2% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto o consumo interno teve aumento de 3,4%.

O melhor resultado apresentado pelo regime chinês na produção da indústria havia sido o desempenho de março, com crescimento de 7,7%. Já julho registrava o patamar mais baixo de alta, com 5,7%.

Com relação às vendas no varejo, o melhor desempenho ocorreu em maio, com aumento de 6,4%, e o pior em julho, com 3,7%.

Os marcadores, que já registravam queda no crescimento há meses, foram apresentados nesta segunda-feira (15) pelo Departamento Nacional de Estatísticas da China.

As informações são apresentadas em um momento em que o país vive a trégua com os Estados Unidos na guerra comercial, que traz incerteza sobre o crescimento e estabilidade da economia dos dois países.

Representantes dos países estão se reunindo nesta semana em Madri para chegar a um entendimento sobre diversos assuntos, sendo eles as questões comerciais e o destino do TikTok, da empresa chinesa ByteDance, que nesta semana precisa chegar a um acordo para garantir a continuidade de suas operações nos EUA.

Apesar da alta na produção industrial e consumo interno, o descompasso entre os dados mostram que as vendas no varejo não conseguem acompanhar o nível de produção do país, apesar dos crescentes incentivos do governo para estimular as compras no varejo.

Segundo relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, em português), o consumo na China segue contido, em parte, pois a população segue guardando dinheiro como precaução.

A questão é histórica e cultural no país, e se aprofundou na pandemia de coronavírus e na instabilidade no setor imobiliário, marcado pelo calote da incorporadora Evergrande, que era líder no mercado e despertou desconfiança tanto em investidores, como em famílias.

“O comportamento cauteloso reflete a fraca confiança, decorrente de um efeito de riqueza negativo provocado pela queda dos preços dos imóveis, do crescimento mais lento da renda em comparação ao período pré-pandemia e das perspectivas incertas de emprego”, diz relatório do Banco Mundial de junho deste ano.

Os números foram apresentados cerca de uma semana após a divulgação de dados alfandegários de agosto que também mostraram desaceleração da exportação e importação na China para o nível mais baixo desde janeiro.

As exportações da China aumentaram 4,4% em relação a agosto do ano anterior, e as importações cresceram 1,3%, após um crescimento de 4,1% no mês anterior.