SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com uma camiseta em homenagem à sua cidade natal, Medellín, uma das capitais do reggaeton, o colombiano J Balvin subiu ao palco principal do The Town neste domingo (14) pronto para contestar a equivocada crença de que a música do restante da América Latina não tem espaço no Brasil –e provou estar certo.
Não que o brasileiro esteja totalmente acostumado com reggaeton, especialmente em se tratando de dançar as batidas do gênero em um show ao vivo. Mas o público não poupou pulmões cantando os principais hits pop e globalizados do artista –ou ao menos os refrões, como em “Reggaeton” e “Mi Gente”.
O artista foi prejudicado pelos telões, com imagens travadas durante boa parte do show, mas tirou bom proveito da sonorização do palco focada em frequências baixas. Cada batida grave de “Que Calor” e “In da Getto” dominava a pista e levantava o público, pontos altos do show para um artista que conhece bem o Brasil.
Balvin já fez vários shows no país e pode se orgulhar de ser um dos pioneiros do gênero por aqui. Em 2017, quando Bad Bunny nem sonhava em esgotar datas em estádios por aqui, o colombiano se apresentou no Rio. Desde então, o artista vem ganhando o mundo com um reggaeton de mais hits formulaicos que avanços para o gênero.
Por isso, a escolha do artista para o festival pode soar pouco inovadora –o que, nesse caso, foi um acerto. Não acertou quem disse que Balvin traria Anitta para o show. Há algumas semanas, quando questionado sobre uma participação especial dela no show, Balvin disse a este jornal: “Vamos ver o que vem por aí”. Ela não veio.
Quem veio foi Pedro Sampaio, que em “Vai no Cavalinho” arrastou, quase literalmente, o público –convocou um passinho de dança de lado a lado que moveu a multidão. Tal um animador desses de programa de auditório, o produtor arrancou mais danças da plateia e cantou alguma coisa em “Perversa”, faixa em parceira com o colombiano.
Balvin também convidou ao palco o MC Fioti, cuja participação poderia ter mais brilho. Em “Bum Bum Tam Tam”, o funkeiro mais dublou que cantou. Em trechos de “Luz do Luar” e “Vai Toma”, músicas também de sua autoria, o MC parece ter sofrido com o retorno e não se encontrava nos tempos da música.
O próprio Balvin também se perdia algumas vezes entre altos e baixos no jogo com o público. Faixas como “Ritmo” e “I Like It” tiveram uma performance morna do artista, muito embora a última, em parceria com Cardi B e Bad Bunny, seja um dos maiores sucessos de 2018 –e uma chance perdida para Balvin explorar mais seu lado no trap e trazer para juntos os fãs do “coelho mal” na plateia.
O cantor cortou algumas de suas faixas de sucesso da apresentação, como “Ginza”. A faixa poderia ter substituído “Downtown”, um dos maiores êxitos do artista. A faixa feita em parceria com Anitta deixou um gosto de quero mais no público –seja do colombiano, seja pela ausência da brasileira.