BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O suspeito preso pelo assassinato do ativista conservador Charlie Kirk não está cooperando com as autoridades, disse o governador de Utah, Spencer Cox. Investigadores trabalham para entender o motivo do atentado conversando com amigos e familiares de Tyler Robinson, 22, que deve ser acusado formalmente na terça-feira (16).

Robinson não confessou o crime aos investigadores, disse Cox à rede ABC. “Ele não está cooperando, mas todas as pessoas ao seu redor estão cooperando, e acho que isso é muito importante”, disse o governador republicano.

Kirk, um aliado do presidente Donald Trump e cofundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA, foi morto na quarta-feira (10) por um tiro de fuzil durante evento na Universidade do Vale de Utah que contou com a presença de 3.000 pessoas em Orem, cerca de 65 km ao sul de Salt Lake City.

O assassinato trouxe novos temores de um aumento da violência política no país e uma divisão cada vez mais profunda entre a esquerda e a direita.

Uma pessoa que dividiria apartamento com Robinson está sendo “incrivelmente cooperativa”, segundo o governador do estado. A Reuters não conseguiu localizar essa pessoa, ou representantes dela, para buscar comentários. A agência de notícias também não conseguiu encontrar quem é o representante legal de Robinson.

Quando questionado na rede CNN se a identidade de gênero da pessoa, que seria trans, segundo o FBI, é relevante para a investigação, Cox disse: “É isso que estamos tentando descobrir agora. É muito fácil partir para conclusões com isso, então temos as cápsulas de munição, outras evidências forenses que estão chegando, e tentando juntar todas essas coisas.”

Os investigadores encontraram junto a um rifle que teria sido usado no atentado mensagens gravadas em quatro munições, que incluíam referências a memes e piadas internas de jogos online. Um depoimento apresentado pelas autoridades no caso descreveu essas mensagens.

Uma das inscrições, segundo o depoimento, dizia: “ei, fascista, pega essa”, seguida por uma combinação de setas direcionais, uma aparente referência a uma sequência de comandos que libera uma bomba em um jogo online popular. Outra cápsula, de acordo com o depoimento, dizia: “Se você ler isso, você é gay, Lmao”, acrônimo para expressão que significa algo como “rindo muito”.

A retórica inflamada de Kirk, que frequentemente envolvia comentários anti-LGBT+ e anti-imigrantes, atraiu legiões de conservadores, mas também gerou fortes sentimentos de pessoas de esquerda e atraiu críticas generalizadas.

Robinson, um estudante do terceiro ano do programa de aprendizagem de eletricidade no Faculdade Dixie Technical, parte do sistema universitário público de Utah, foi detido na casa de seus pais, cerca de 420 km a sudoeste do local do crime, após uma caçada de 33 horas.

Parentes e um amigo da família alertaram as autoridades de que ele havia se implicado no crime, disse Cox anteriormente.

Embora Robinson tenha sido criado por pais religiosos em uma região profundamente conservadora do estado, “sua ideologia era muito diferente da de sua família”, afirmou Cox neste domingo em programa da rede NBC, sem entrar em detalhes.

Registros estaduais mostram que Robinson era um eleitor registrado, mas não afiliado a algum partido político. Um parente disse aos investigadores que Robinson havia se tornado mais politizado nos últimos anos e que uma vez discutiu com outro membro da família sua antipatia por Kirk e seus pontos de vista, de acordo com o depoimento do mandado de prisão.

O assassinato provocou indignação entre os apoiadores de Kirk e condenação da violência política por pessoas de todo o espectro ideológico.

Muitos republicanos, incluindo Trump, foram rápidos em atacar a esquerda, acusando-a de fomentar um discurso anticonservador que encorajaria reações violentas –muito embora o presidente e seus aliados frequentemente invoquem com frequência falas e imagens violentas contra seus oponentes.

Mike Johnson, o presidente republicano da Câmara dos Representantes do país, pediu calma no domingo. “Temos que diminuir a retórica”, disse.

Nas conversas que teve com membros republicanos e democratas da Câmara desde o assassinato de Kirk, Johnson afirmou: “Há esse reconhecimento de que as pessoas precisam parar de enquadrar simples discordâncias políticas em termos de ameaças existenciais à nossa democracia.”

Mas Johnson também criticou os democratas. “Você não pode chamar o outro lado de fascistas e inimigos do Estado e não entender que existem algumas pessoas perturbadas em nossa sociedade que tomarão isso como deixas para agir e fazer coisas loucas e perigosas. E é isso que temos visto com frequência crescente”, disse Johnson.