SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após participação tímida nos leilões de rodovias do primeiro semestre do ano, a Motiva (ex-CCR) avalia agora oferecer propostas para certames previstos para os próximos meses.
À reportagem o CEO da Motiva Rodovias, Eduardo Camargo, disse que “o Paraná certamente é um estado para o qual a empresa está olhando”. Segundo ele, as rodovias paranaenses têm um perfil de tráfego que interessa à companhia.
O Ministério dos Transportes marcou para as duas últimas semanas de outubro os leilões dos lotes 4 e 5 das Rodovias Integradas do Paraná. Os projetos englobam uma série de estradas federais e estaduais localizadas no estado.
O lote 4 possui 627 km de extensão e prevê quase R$ 11 bilhões de Capex (investimentos em obras). Já o lote 5 possui 432,8 km de extensão, o projeto prevê R$ 6,7 bilhões de investimentos em obras.
No ano passado, a então CCR arrematou o lote 3 das Rodovias Integradas do Paraná, que reúne quase 570 km de estradas federais e estaduais no estado, depois de oferecer desconto de 26,6% sobre a tarifa básica de pedágio. O vencedor foi decidido no viva-voz, etapa em que os proponentes vão aumentando suas ofertas até chegarem ao valor final.
Não são apenas os certames federais que têm chamado atenção da Motiva. Camargo afirma que a empresa também está olhando para o leilão do projeto que é administrado hoje pela Renovias, concessionária da Motiva. A concessão abrange, em São Paulo, as rodovias SP-215, SP-340, SP-342, SP-344 e SP-350.
O projeto será leiloado novamente pela gestão Tarcísio. Além dos trechos atualmente operados pela Renovias, o governo estadual vai incluir novas vias do DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo). Entre as melhorias previstas estão a duplicação de trechos das rodovias SP-350, SP-344 e SP-215, a construção de passarelas e a implantação do pedágio sem cancela (free flow). Estão previstos R$ 6 bilhões de investimentos.
“O nosso time de novos negócios está trabalhando em projetos cujos leilões ainda vão acontecer neste ano e também alguns que provavelmente vão ficar para o ano que vem que tem mais a cara da Motiva”, diz Camargo.
Segundo o executivo, os certames do começo do ano não estavam com o perfil do investimento que a Motiva tinha na carteira de ativos. Ele afirma que a empresa mira, sobretudo, projetos maiores, que sejam mais movimentados e tenham um alto volume de faturamento.
Até setembro de 2025, entre os certames federais, a Motiva participou, somente, do leilão simplificado da BR-163, o primeiro deste tipo realizado pelo governo federal. O modelo prevê a oferta ao mercado de um contrato previamente acertado com uma companhia -neste caso, a antiga CCR MSVia. No entanto, se outra proponente oferecesse um desconto maior sobre a tarifa, ou seja, uma proposta melhor, esse contrato poderia trocar de dono.
A Motiva, por meio da CCR MSVia, já era responsável pelo trecho. Originalmente, a companhia arrematou a concessão em dezembro de 2013. No entanto, em meio a uma série de dificuldades financeiras, impactos da crise econômica entre 2015 e 2016 e frustração de receitas, a concessionária chegou a pedir a devolução amigável do ativo.
No ano passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou a otimização do contrato de concessão do trecho. O prazo original da concessão de 30 anos, que acabaria em 2044, foi reajustado em dez anos, chegando até 2054. A concessionária passou a ser chamada de Motiva Pantanal.
Entre os leilões realizados pelo Governo de São Paulo, a Motiva decidiu ficar de fora dos certames do Lote Paranapanema e do projeto de túnel imerso que ligará Santos e Guarujá.
“O túnel tinha uma característica de construção. A parte de operação do ativo era menos relevante. É uma obra com uma complexidade que a gente não domina. Tinha uma questão, uma ponderação de risco-retorno que não nos favorecia. A gente não ia conseguir ser competitivo em um leilão desse”, diz Camargo.
RAIO-X | MOTIVA
Lucro líquido ajustado: R$ 398 milhões
Ebitda ajustado (rodovias, aeroportos, trilhos e outros): R$ 2,09 bilhões
Ebitda ajustado – rodovias: R$ 1,53 bilhões
Capex (investimentos em obras): R$ 1,78 bilhões
Principais concorrentes: EPR, EcoRodovias, Vinci, 4UM, Opportunity, Azevedo e Travassos, entre outros
*valores aproximados do 2º trimestre de 2025