BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Itapoá, no litoral norte de Santa Catarina, irá aproveitar uma obra de dragagem na entrada no porto da cidade para alargar a praia do município, que é a maior em extensão no estado, com 32 quilômetros.

A obra, viabilizada via parceria público-privada (PPP), irá aumentar a faixa de areia em pelo menos 30 metros em um trecho de quase 10 quilômetros de orla.

A previsão é que as obras sejam concluídas no ano que vem, o que fará Itapoá se juntar a outras praias catarinenses que tiveram sua faixa de areia engordada, como a central de Balneário Camboriú, e Jurerê, Ingleses e Canasvieiras, em Florianópolis.

Especialistas, porém, alertam para os riscos e os custos elevados desse tipo de intervenção, que ficou comum nos últimos anos no estado como forma de evitar a erosão costeira e aumentar a atratividade turística do litoral.

Em nota técnica divulgada em maio, pesquisadores da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) criticaram a falta de um planejamento regional e apontaram que obras pontuais de engorda podem provocar efeitos colaterais ao longo do litoral.

Em Itapoá, a obra deve custar R$ 324 milhões, dos quais R$ 24 milhões serão investidos pelo porto público de São Francisco do Sul, vizinho ao terminal de Itapoá, que é privado, e irá investir R$ 300 milhões.

O volume aportado pelo porto privado será ressarcido pelo poder público de forma parcelada até 2037.

Os dois portos fazem parte do Complexo da Babitonga, e a obra pretende aprofundar o canal de acesso à baía de mesmo nome.

O objetivo é permitir no local a operação de navios de até 366 metros de comprimento -como já acontece nos terminais de Santos (SP), Itaguaí (RJ), Salvador e Suape (PE).

O Complexo da Babitonga, que responde por 60% das cargas movimentadas pelos portos catarinenses, tem capacidade atual para receber navios de até 336 metros de comprimento.

O projeto prevê remover cerca de 12,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos. Uma parte desse material será destinada para o engordamento da faixa de areia da orla de Itapoá, que tem sofrido com a erosão marítima.

No fim do mês passado, a prefeitura declarou situação de emergência após fortes chuvas e uma ressaca marítima ter avançado sobre diferentes trechos do litoral na cidade.

Com população estimada de 36 mil habitantes, segundo o IBGE, Itapoá fica a cerca de 250 km de Florianópolis e a aproximadamente 130 km de Curitiba.

O município e o complexo portuário afirmam que é a primeira vez no país que os sedimentos de uma dragagem portuária terão como destino o alargamento de uma praia.

A obra já recebeu o aval do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e está em fase final de licitação pelo governo de Santa Catarina, que administra o porto de São Francisco do Sul.