BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Mais de 100 mil manifestantes marcharam pelo centro de Londres nesta sábado (13), carregando bandeiras da Inglaterra e do Reino Unido, em uma das maiores manifestações recentes da ultradireita no país. O protesto foi organizado pelo nacionalista anti-imigração Tommy Robinson, cujo nome real é Stephen Yaxley-Lennon.
O bilionário americano Elon Musk, apoiador de Donald Trump e parte do governo do republicano nos Estados Unidos até os dois brigarem, apareceu em ligação de vídeo para os manifestantes, de forma parecida ao que fez em evento do partido de extrema direita alemão Alternativa para a Alemanha, em janeiro.
Musk afirmou que a dissolução do Parlamento britânico é necessária para o Reino Unido. “Eu realmente acho que deve haver uma troca de governo no Reino Unido. Nós não temos mais quatro anos, ou seja lá quando será a próxima eleição, é muito tempo. Algo precisa ser feito. Tem que haver uma dissolução do Parlamento e uma nova eleição”, afirmou o empresário.
Segundo a polícia, a marcha “Unite the Kingdom” (Unir o reino) de Robinson contou com cerca de 110 mil pessoas, que foram mantidas separadas de um contraprotesto “Stand Up to Racism” (Levante-se contra o racismo) nas proximidades, que reuniu cerca de 5.000 pessoas.
Os policiais tiveram que intervir em vários locais para impedir que manifestantes da manifestação da ultradireita tentassem acessar “áreas neutras” entre os dois protestos, romper os cordões policiais ou se aproximar de grupos opositores, de acordo com a Polícia Metropolitana de Londres. Nove pessoas foram detidas.
Vários policiais foram agredidos e agentes adicionais foram mobilizados com equipamentos de proteção, apoiados pela cavalaria, acrescentou a força em um comunicado emitido enquanto a manifestação ainda estava em andamento.
A marcha é o ápice de um período de alta tensão no Reino Unido, que testemunhou protestos organizados em frente a hotéis que abrigam migrantes.
Os manifestantes carregavam as bandeiras do Reino Unido e da Inglaterra, enquanto outros traziam bandeiras dos Estados Unidos e de Israel e usavam os bonés Maga (Make America Great Again) de Donald Trump. Eles entoavam slogans críticos ao primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, e carregavam cartazes, incluindo alguns dizendo “mandem-nos de volta”. Alguns participantes levaram crianças ao protesto.
Robinson apresentou a marcha Unite the Kingdom como uma celebração da liberdade de expressão. Os ativistas também lamentaram a morte de Charlie Kirk, ativista conservador americano assassinado na quarta-feira (10), em Utah, nos EUA.
“Centenas de milhares já lotam as ruas do centro de Londres enquanto nos unimos como um só por nossas liberdades”, disse Robinson no X.
Robinson descreve-se como um jornalista que expõe irregularidades do Estado e conta com o bilionário americano Elon Musk entre seus apoiadores, além de ser bem visto nos círculos da direita radical na Europa, como Geert Wilders, líder da ultradireita na Holanda, e da AfD.
O maior partido político anti-imigração do Reino Unido, o Reform UK, que tem liderado pesquisas de opinião nos últimos meses, manteve distância de Robinson, que possui várias condenações criminais e responde por uma série de outros casos, entre eles uso de passaporte falso, fraude imobiliária e assédio a jornalistas. Ele chegou a ser preso por descumprir ordens de um juiz durante caso de abuso sexual que tinha outras pessoas como réus.
“Queremos nosso país de volta, queremos nossa liberdade de expressão de volta nos trilhos”, disse Sandra Mitchell, uma apoiadora presente no comício. “Eles precisam parar a migração ilegal para este país. Nós acreditamos no Tommy”, disse.
A polícia informou que teria mais de 1.600 policiais mobilizados em Londres no sábado, incluindo 500 trazidos de outras forças de segurança. Além de policiar as duas manifestações, a polícia londrina está sobrecarregada com partidas de futebol e shows de alto perfil na cidade.
“Vamos abordá-los como fazemos com quaisquer outros protestos, policiando sem medo ou favorecimento, garantindo que as pessoas possam exercer seus direitos legais, mas sendo robustos ao lidar com incidentes ou crimes, caso ocorram”, disse a comandante Clair Haynes, que está liderando a operação policial.
Haynes afirmou que a polícia estava ciente de um histórico de “retórica anti-muçulmana e incidentes de cânticos ofensivos por uma minoria” em protestos anteriores, mas disse que as comunidades de Londres não deveriam sentir medo de sair de casa.
No sábado passado, quase 900 pessoas foram presas em uma manifestação em Londres contra a proibição do grupo de protesto Palestine Action.
A imigração tornou-se a questão política dominante no Reino Unido, eclipsando preocupações com uma economia vacilante, enquanto o país enfrenta um número recorde de pedidos de asilo. Mais de 28 mil migrantes chegaram em pequenos barcos através do Canal da Mancha até somente neste ano.