SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Este é um Emmy de grandes novidades. A começar por uma esquisita indicação para Martin Scorsese numa categoria de atuação. O célebre cineasta concorreu à estatueta de melhor ator convidado, por alguns poucos minutos de tela em “O Estúdio”, mas foi preterido por Bryan Cranston, da mesma produção -esta e outras categorias menores foram anunciadas no último fim de semana.
A série de humor é responsável por boa parte das doses de novidade e incerteza desta edição do mais importante prêmio americano de televisão e streaming. Em sua 77ª edição, que acontece neste domingo (14), às 21h do horário de Brasília, o Primetime Emmy Awards é palco de uma disputa acirrada entre veteranos e novatos.
“O Estúdio” foi um estouro em sua temporada inaugural, lançada em março. Agradou ao público e principalmente à crítica e à indústria, que viram na comédia autodepreciativa sobre uma Hollywood em chamas um comentário potente sobre seu atual ambiente de trabalho.
Angariou 23 indicações ao Emmy, número turbinado por seus atores convidados de luxo, como Ron Howard e Zoë Kravitz, mas que engloba outras categorias importantes, como melhor ator, para Seth Rogen, e atriz coadjuvante para as sempre divertidas Kathryn Hahn e Catherine O’Hara.
Sua principal adversária, em melhor série do gênero, é “Hacks”, que venceu a estatueta do ano passado e agora tenta repetir o feito em sua quarta temporada -com Jean Smart de olho em mais um troféu de atuação feminina. Ao todo, tem 14 indicações.
Também não é de se desprezar “O Urso”, que não causa muita risada, mas que triunfou há dois anos e tem Ayo Edebiri e Jeremy Allen White como postulantes a atriz e ator. São 13 menções na lista de indicados, incluindo uma de direção para Edebiri.
“Abbott Elementary”, “Only Murders in the Building” e “O que Fazemos nas Sombras” são outras que devem bater na trave novamente, enquanto “Ninguém Quer” e “Falando a Real” tentam abocanhar a estatueta de melhor série de comédia pela primeira vez.
Entre os dramas, “The Pitt” surgiu em janeiro como quem não quer nada. Uma reciclagem enobrecida das tramas hospitalares que por anos concentraram a audiência da televisão americana, a produção original da Max nem recebeu o selo premium “HBO” ao ser lançada.
Chega à cerimônia deste domingo, porém, com 13 indicações, incluindo melhor série de drama, ator, para Noah Wyle, e atriz coadjuvante, para Katherine LaNasa. Sua principal adversária é “Ruptura”, numa aguardada segunda temporada que levou três anos para ser lançada. É a campeã de indicações, com 27, incluindo duas para seus protagonistas, Adam Scott e Britt Lower.
Sem a campeã do ano passado, “Xógum”, no páreo, o xadrez de drama se complicou. É difícil prever as chances reais de “The Pitt” e “Ruptura”, quando também estão no páreo as queridinhas “The Last of Us” e “The White Lotus”, além de “Andor”, “A Diplomata”, “Paradise” e “Slow Horses”.
De qualquer forma, é uma rara corrida formada apenas por postulantes que nunca levaram o Emmy de melhor série de drama por temporadas passadas -a primeira de “The White Lotus” venceu o de minissérie, quando ainda não ambicionava se alongar por mais episódios. Agora, tem 23 indicações na lista.
As apostas para drama e comédia indicam que Apple TV+ e HBO vão tomar os holofotes no ringue deste ano. O serviço de streaming da gigante de tecnologia é dono de “O Estúdio” e “Ruptura”. Já ao selo da Warner Bros. pertencem “The Last of Us”, “The White Lotus”, “The Pitt” e “Hacks”.
Disney, Paramount e outras redes e serviços indicados parecem relegados a categorias menores, enquanto a Netflix, que por anos foi a grande pedra no sapato da HBO, está mais interessada na disputa de minissérie -é dela a provável vencedora, “Adolescência”.
Se a produção britânica que despertou assombro e paixão ao redor do globo realmente arrematar a estatueta, esta será a terceira edição seguida em que a plataforma leva a melhor na categoria. Também são da casa “Black Mirror” e “Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais”, que disputam ainda com “Pinguim”, da HBO, e “Morrendo por Sexo”, da FX, canal pago da Disney.
Como é de praxe, as categorias de atuação de minisséries estão mais uma vez lotadas de gente consagrada em trabalhos elogiados. Nomes laureados do cinema disputam tanto em atriz, caso de Michelle Williams, por “Morrendo por Sexo”, e Cate Blanchett, por “Disclaimer”, quanto em ator, como Colin Farrell, por “Pinguim”, e Jake Gyllenhaal, por “Acima de Qualquer Suspeita”.
Brian Tyree Henry representa a série “Ladrões de Drogas”, que não conseguiu emplacar uma indicação para seu parceiro de cena, o brasileiro Wagner Moura -que, por outro lado, mira voos mais altos com a campanha de “O Agente Secreto” pelo Oscar.
Parte dos prêmios desta edição já foi entregue no último fim de semana, no Creative Arts Emmy, centrado na parcela mais técnica e artesanal das categorias. O humorístico “Saturday Night Live”, com seu especial de 50 anos, foi um dos destaques, levando sete estatuetas.
Outros prêmios já entregues incluem o de programa de animação, para “Arcane”, reality show, para Queer Eye, e melhor apresentador de programa de reality ou competição, para Alan Cumming em The Traitors. Até o ex-presidente americano Barack Obama foi premiado, como melhor narrador, pela terceira vez, com a série documental “Nossos Oceanos”.
“Ruptura” sai na frente por já ter embolsado nove estatuetas no Creative Arts Emmy. Mas como a seção é um tanto descolada do núcleo principal dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Televisivas dos Estados Unidos, a dianteira pode não significar muita coisa na batalha travada neste domingo, que promete fortes emoções.