SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Dois fios de cabelo de Carlo Acutis, o primeiro santo millennial canonizado no último domingo pelo papa Leão 14, chegaram a Bauru, no interior de São Paulo. As relíquias de primeiro grau foram entregues à pastoral universitária de uma faculdade particular da cidade.
A entrega dos fios de cabelo foi feita durante uma missa no auditório do campus, na última quarta-feira. Depois da celebração, as relíquias foram levadas para a Pastoral Universitária da Unisagrado, onde ficarão em exposição permanente para a veneração dos fiéis.
A visitação acontece das 15h às 22h na Pastoral Universitária. O local será aberto ao público.
As relíquias na igreja católica são partes do corpo ou objetos ligados a santos, ou a Jesus Cristo. Elas são divididas em três graus:
Primeiro grau: partes do corpo do santo, como ossos, sangue ou cabelos- são as mais sagradas e raras, como os fios de cabelo de Carlo Acutis;
Segundo grau: objetos que estiveram em contato direto com o santo, como roupas ou itens pessoais;
Terceiro grau: objetos que tocaram em uma relíquia de primeiro grau ou em algo usado pelo santo.
ACUTIS SE TORNOU ‘PADROEIRO DA INTERNET’
Nascido em 1991 no Reino Unido, Carlo Acutis cresceu em Milão, na Itália. Católico e talentoso em tecnologia e ciência da computação, ele usava as redes sociais para evangelizar o público. Segundo o portal Vatican News, Acutis foi o criador de um site sobre milagres eucarísticos. Por sua forte atuação no ambiente digital, ficou conhecido como o “padroeiro da internet”.
O adolescente morreu aos 15 anos, vítima de leucemia, na cidade italiana de Monza. Acutis morreu no dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Conforme seu desejo, Acutis foi sepultado no cemitério de Assis, onde permaneceu até a sua transferência para a igreja de Santa Maria Maggiore, também em Assis.
Atualmente, o corpo de Acutis está exposto aos fiéis. Vestido com jeans e moletom, o corpo, protegido por uma proteção de vidro, recebe a visita de pessoas que buscam prestar suas homenagens ao jovem, que seria responsável por pelo menos dois milagres.
MILAGRES DE ACUTIS INCLUEM GAROTO BRASILEIRO
A cura de um menino de Campo Grande foi atribuída a Carlo Acutis. Matheus Vianna tinha 2 anos quando foi diagnosticado com pâncreas anular, uma rara doença congênita. Um dos principais sintomas da condição eram os vômitos repetidos.
A família de Matheus diz que ele foi curado após tocar em uma peça de roupa que teria o sangue do italiano. Em 2013, o padre Marcelo Tenório, da paróquia São Sebastião, trouxe da Itália para Campo Grande um pedaço de uma camiseta que supostamente pertenceu a Carlo Acutis. O líder religioso pediu para que os fiéis fizessem um pedido de milagre durante uma missa.
Segundo o relato da família, na ocasião, Matheus perguntou ao avô o que era um “milagre”. “É quando você deseja muito uma coisa do fundo do seu coração e se realiza”, teria respondido à criança. O menino, então, estendeu os braços para tocar na relíquia e pediu para “parar de vomitar”. Após o episódio, a avó ficou impressionada com a mudança do menino e resolveu refazer os exames, que não mostraram mais a lesão. nesta sexta-feira (12) com 15 anos, Matheus vive com a família em Goiás e guarda um quadro de Carlo Acutis com ele.
O segundo milagre atribuído a Acutis foi a cura de uma mulher chamada Valeria Valverde. A costarriquenha de 21 anos entrou em coma após um acidente de bicicleta em Florença, na Itália, no qual ela bateu a cabeça gravemente.
A mãe de Valéria fez uma peregrinação a Assis para rezar pela cura da filha no túmulo do beato Carlo Acutis. Ela deixou um bilhete escrito e, no mesmo dia, Valéria começou a respirar sozinha. No dia seguinte, recuperou o uso dos membros superiores e parcialmente a fala.
O processo de beatificação de Carlo Acutis começou a tramitar no Vaticano em 2013. Na primeira etapa de reconhecimento, o jovem foi intitulado “Servo de Deus”. Em 2018, foi considerado venerável pelo Papa e, em 2020, foi beatificado após o reconhecimento de um milagre.
Em maio do ano passado, o papa Francisco autorizou o início do processo de canonização do garoto. O Vaticano reconheceu o segundo milagre do beato, uma das condições para ser considerado santo.