SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a culpar a esquerda pelo assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk e defendeu radicais de direita em entrevista à emissora conservadora Fox News nesta sexta-feira (12).
Em resposta a uma pergunta sobre radicalismo feita pela jornalista Ainsley Earhardt no programa Fox and Friends, que chegou a ser apresentado por Kirk em algumas ocasiões, Trump afirmou: “Vou te dizer algo que vai me deixar encrencado, mas não me importo. Os radicais na direita muitas vezes só são radicais porque não querem ver crimes”.
“Eles estão preocupados com a fronteira, eles não querem toda essa gente entrando e queimando nossos shoppings. Não querem que eles atirem no nosso povo no meio da rua”, disse o presidente, sem esclarecer a que incidentes se referia. “O problema são os radicais da esquerda. Eles são cruéis e terríveis e politicamente astutos, porque embora digam que querem esportes para homens e mulheres, na verdade querem transgêneros para todo mundo, querem fronteiras abertas.”
No programa, Trump anunciou que o FBI e a polícia local haviam prendido o suspeito de balear Kirk na Universidade do Vale do Utah na última quarta. Mais tarde, o governador do estado, Spencer Cox, identificou o atirador: Tyler Robinson, 22, natural do Utah.
Segundo o governador, cápsulas de munições encontradas no local do atentado tinham inscrições em que se lia “Ei, fascista, pega essa”, “Se você está lendo isso, você é gay haha” e a letra da canção “Bella ciao”, que era um hino da resistência italiana contra o fascismo e o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.
Na quinta-feira (11), durante eventos de memória ao 11 de Setembro fortemente marcados por celebrações e homenagens a Kirk, Trump já havia dito que agiria contra a esquerda. “Temos um grupo de lunáticos da esquerda radical soltos por aí, absolutamente malucos, e nós vamos resolver esse problema”.
Embora a Casa Branca ainda não tenha anunciado nenhuma medida concreta nesse sentido, a base trumpista, unida após o assassinato de uma das suas figuras mais influentes, vem pressionando o governo Trump a escalar a repressão contra a “ideologia woke”, como se referem a causas progressistas.
Falando em “vingança”, figuras como o podcaster e influenciador Andrew Tate, acusado de crimes sexuais e que buscou refúgio nos EUA, fizeram publicações dizendo que a resposta ao assassinato de Kirk deveria ser uma “guerra civil”.
Outras personalidades trumpistas fizeram declarações parecidas, e o influente assessor sênior de Trump Stephen Miller, considerado a cabeça por trás da campanha anti-imigração do governo, escreveu uma longa mensagem no X detalhando a ideologia de esquerda que seria responsável pela morte de Kirk.
“É uma ideologia que odeia tudo que é bom, justo e belo e celebra tudo que é malformado, distorcido e depravado. Uma ideologia que está em guerra contra a família e a natureza. Ela é invejosa, maliciosa e desalmada e sua característica central é a sede insaciável por destruição”, disse Miller. “O destino de milhões depende da derrota dessa ideologia nefasta. O destino de nossas crianças, sociedade e civilização está em jogo.”
Em entrevista na quinta, a chefe de gabinete de Trump, Susie Wiles, disse que o presidente em breve dará detalhes de seus planos para combater “o extremismo esquerdista”. “Pensando no assassinato da ucraniana [Iryna Zarutska, esfaqueada por um homem negro na Carolina do Norte] e na morte trágica de Charlie, estamos trabalhando em um plano para combater a violência nos EUA, que valorize a livre expressão, e para combater esses grupos de ódio que incentivam atos assim”, afimou Wiles.
Ao mesmo tempo, Trump pediu na quinta que seus apoiadores respondam à morte de Kirk “sem violência” e se vinguem nas urnas na próxima eleição de meio mandato, que acontece em 2026 e vai renovar toda a Câmara dos Representantes e um terço do Senado americano.