SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) anunciou a contratação de carros equipados com câmeras 360 graus para escanear e armazenar informações sobre as árvores presentes em calçadas e canteiros da cidade de São Paulo. De acordo com a administração, os 652.146 exemplares arbóreos serão catalogados em até três anos.

Com investimento de R$ 18,8 milhões, o dobro do valor previsto em edital lançado em junho, o inventário foi anunciado pela prefeitura em reposta às quedas recorrentes de árvores durante o último período de chuvas.

Uma tempestade no início de março provocou a queda de 340 árvores. Um motorista de táxi de 43 anos morreu ao ter o carro atingido pelos galhos na avenida Senador Queiroz, na região da Sé, no centro.

Na ocasião, os ventos de 60 km/h derrubaram o chichá (Sterculia chicha) de mais de 30 metros e com idade estimada em 200 anos, no largo do Arouche, na região central.

Segundo o plano, uma vez captadas as imagens em 3D das árvores, técnicos da secretaria do Verde e Meio Ambiente vão analisá-las, e as informações irão abastecer um banco de dados a partir do uso de inteligência artificial. A câmera obtém os registros das árvores por meio de feixes de laser com até 300 metros de alcance.

Nos três primeiros meses de implantação, os quatro carros percorrerão ruas dos bairros Vila Mariana, Jabaquara e Tatuapé. O período experimental coincide com a chegada do verão, quando aumentam os eventos climáticos extremos, ocasiões em que ocorrem mais quedas de árvores.

De acordo com Priscilla Cerqueira, coordenadora da Divisão de Arborização Urbana da secretaria, os distritos foram escolhidos por terem perfil mediano em relação à quantidade de árvores, que se replica na maioria da cidade. Cada mês será dedicado a um bairro como uma espécie de fase inicial para calibrar o sistema de inteligência artificial.

No caso de a varredura identificar exemplares com problemas, as equipes serão direcionadas para analisar os casos in loco, o que deve agilizar a fila de pedidos de poda, segundo a coordenadora.

Pedidos de remoção ou a poda de árvores em calçadas e praças da cidade tiveram crescimento em 2024 na comparação com os registros de 2023. O ano passado chegou a 77.625 solicitações, ante 73.497 no período anterior.

Constarão nas análises informações como o Diâmetro do Tronco à Altura do Peito (DAP), ângulo de inclinação, altura total e da primeira bifurcação, altura e volume da copa, além da localização por georreferenciamento.

Uma vez concluído, o inventário arbóreo será disponibilizado para consulta pública na plataforma Geosampa.

O projeto foi elaborado pela gestão municipal em parceria com o Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo) que faz testes para implantar o chamado algoritmo de poda, técnica desenvolvida no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).