SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Antes de desaparecer em 12 de junho, na cidade de Ilha Solteira (SP), a estudante da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Carmen de Oliveira Alves, 26, enviou uma mensagem de voz para uma amiga. No áudio encontrado pela polícia, ela dizia estar preocupada com sua segurança porque o namorado estava ameaçando matá-la.

“Se acontecer alguma coisa comigo, saiba que foi o Yuri. A gente teve uma briga bem séria e ele me ameaçou de morte”, anunciou a jovem. “Ele pode fazer isso, tem arma, […] falou que vai me matar, jogar no rio e ninguém vai achar”, afirma a gravação.

O material foi recolhido pela Polícia Civil durante a investigação e obtido pela reportagem nesta sexta-feira (12), quando o sumiço de Carmen completa três meses.

O inquérito do caso foi concluído na semana passada pelo delegado responsável, Miguel Rocha. No relatório, ele solicitou o indiciamento do namorado da jovem, Marcos Yuri Amorim, e do policial da reserva Roberto Oliveira por suspeita de feminicídio e ocultação de cadáver.

A Justiça decretou a prisão preventiva (sem prazo) de ambos.

Apesar de terem admitido o assassinato da mulher, imputando a culpa um ao outro, Marcos e Roberto não disseram à polícia onde os restos mortais teriam sido colocados.

O QUE SE SABE SOBRE O CASO

Segundo a linha de investigação seguida pela polícia, Carmen de Oliveira Alves, vista pela última vez no Dia dos Namorados, pode ter sido morta por ter feito um dossiê contra o companheiro para tentar forçá-lo a assumir o relacionamento com ela.

Carmen foi vista pela última vez a caminho da casa do suspeito.

Segundo o delegado Rocha, a estudante tinha em seu notebook um documento com uma lista de supostos crimes cometidos por Yuri em Ilha Solteira. Entre os delitos, estariam roubos e furtos a uma usina.

“Acredito que ela estaria usando isso para forçar o Yuri a assumir o relacionamento”, diz Rocha. “Segundo análise das testemunhas, sabemos que havia uma recusa dele em assumir. Isso motivou o crime.”

Pessoas próximas a Carmen afirmam que o namorado teria vergonha de expor o relacionamento com a mulher por ela ser trans e sempre exigiu que o romance fosse mantido em segredo.