RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Pindorama, também conhecido como Brasil, é de fato o país do futebol. O esporte mais amado pelos brasileiros será responsável em reunir mais de 40 etnias na Aldeia Multiétnica, localizada na Chapada dos Veadeiros (GO) —o território é dedicado ao fortalecimento de culturas e lutas políticas de diversos povos indígenas.

A competição, idealizada pela agência Four X Entertainment, pretende ser uma vitrine para os jogadores aldeados que sonham com uma carreira profissional no esporte. O evento é apoiado pelo Ministério dos Povos Indígenas e pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Anuiá Yawalapiti, cacique na Aldeia Multiétnica, celebra a realização do evento e afirma que será o maior do segmento em diversidade cultural. Segundo ele, a taça leva esperança para a juventude que nunca teve oportunidade de mostrar o seu potencial esportivo.

“O futebol é uma paixão de todo brasileiro até na terra indígena”, disse o cacique. “Então, vamos realizar a Taça dos Povos Indígenas na Aldeia Multiétnica, porque a gente é de diferentes cores, culturas e povos.”

“Essa taça vai reunir uma grande quantidade de etnias. Os nossos jovens precisam disso, para não entrar no caminho errado. Então a gente tem que trazer esses jovens e educar eles. A competição vai ser muito bonita. Eu espero isso que traga mais união pata os povos indígenas”, continuou.

O torneio será realizado em quatro etapas, divididas entre regiões na seguinte ordem: Centro-oeste, Nordeste, Sul/Sudeste e Norte. A expectativa é que os jogos ocorram entre 21 de outubro e 6 de dezembro. Cada fase terá cinco dias.

De acordo com Líbia Miranda, diretora executiva da Four X e idealizadora do projeto, o evento pretende impulsionar também técnicos, árbitros e repórteres indígenas, além dos atletas. Ela explica que a programação contará com cursos voltados a essas demais áreas de atuação.

“A taça nasceu da vontade de construir pontes, para que novas gerações, como o meu filho, por exemplo, tenha mais convívio e conhecimento sobre os povos indígenas, sobre a nossa ancestralidade. Eu só fui conhecer um indígena depois dos meus 40 anos”, relatou.

A Four X estima um orçamento de R$ 4 milhões para cada etapa. O recurso, captado através de patrocinadores, será investido no transporte, na alimentação, nas aulas, nos equipamentos, e demais custos.

“São 600 indígenas por etapa, desde a saída do seu território até a chegada na Aldeia Multiétnica. Cinco dias de trabalho até que eles voltem, e a gente continua. O trabalho não acaba nesses dias, ele começa. Nós vamos acompanhar as etnias ao longo de dois anos para que tenham CNPJ e possam acessar seus patrocínios, seja por lei de incentivo ou por emenda”, detalhou Miranda.

A CBF firmou apoio com a organização da taça no último dia 5. A entidade máxima do futebol do país vai fornecer os uniformes completos para os atletas e bolas oficiais, além de troféus e medalhas com identidades indígenas para premiação.

“É um marco de reparação histórica, de inclusão dos povos indígenas a um esporte da cultura brasileira. Então, primeiro, fico lisonjado em dar esse apoio à Taça dos Povos Indígenas. A confederação quer é que o futebol evolua, e que futuramente consigamos tirar atletas indígenas para a nossa seleção e para os clubes profissionais”, afirmou Samir Xaud, presidente da CBF.

O repórter viajou a convite da Four X Entertainment