Da Redação
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) repercutiu fortemente em Washington. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou a decisão como “muito ruim para o Brasil” e afirmou estar “descontente” com o resultado. Bolsonaro foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado pela Primeira Turma do STF, acusado de tentar articular um golpe de Estado após perder as eleições de 2022.
Falando a jornalistas antes de viajar para Nova York, Trump declarou que se surpreendeu com a decisão da Corte brasileira e fez um paralelo com sua própria trajetória: “É parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram”. O republicano também elogiou o aliado político, dizendo considerá-lo “um homem íntegro” e “um bom presidente”. Questionado sobre eventuais medidas contra o Brasil, evitou responder diretamente.
Washington endurece o tom
Se Trump preferiu a cautela, o secretário de Estado, Marco Rubio, adotou discurso mais duro. Em postagem nas redes sociais, classificou a condenação como “caça às bruxas” conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes e afirmou que os Estados Unidos darão uma resposta “adequada” ao episódio.
O Itamaraty reagiu imediatamente, considerando as falas de Rubio como uma ameaça à soberania nacional. Em nota, a chancelaria destacou que ataques à autoridade do Judiciário brasileiro “não intimidarão a democracia” e reiterou que a sentença foi baseada em provas consistentes.
Possíveis sanções
Nos bastidores, há especulação de que Washington avalie medidas adicionais contra o Brasil. Entre as hipóteses estão a suspensão de vistos de autoridades, tarifas de até 50% em operações comerciais ligadas à Rússia e até a inclusão de familiares de ministros da Suprema Corte na Lei Magnitsky, que prevê punições a violações de direitos humanos.
Questionado sobre o risco de novas sanções, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou não estar preocupado: “Não temo. Vamos reagir na medida em que medidas forem tomadas”, disse em entrevista à Rede Bandeirantes.
A tensão aumentou ainda mais após a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarar que os EUA estão dispostos a “usar meios militares” para proteger a liberdade de expressão global — frase que, embora vaga, foi interpretada como recado direto a Brasília.