SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Investidores correm para conseguir um pedaço da carne nova no mercado, soja tropeça, mas não cai, uma IA para te ajudar a ser o mais bem vestido da festa e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (12).
**É TEMPO DE IPO**
Ah, os ventos da queda da taxa de juros. O aumento do desemprego e a alta dos pedidos de auxílio fazem o mercado financeiro vibrar com a esperança de que, em breve, fazer negócios ficará mais barato.
Um indicativo da animação dos investidores é o sucesso do IPO da Klarna, empresa sueca de pagamentos, na NYSE, bolsa de valores de Nova York, que aconteceu nesta semana. Vamos aos detalhes.
O QUÊ?
IPO (se diz ai-pi-ô, no mundo dos negócios) é uma sigla para Initial Public Offering. É a primeira oferta que uma empresa faz de suas ações em uma bolsa de valores. Dali em diante, os papéis ofertados nesse momento são comprados e vendidos por investidores.
QUEM?
A Klarna é uma companhia que nasceu na Suécia e, para entender o sucesso dela, é preciso um lembrete: em países da Europa e nos Estados Unidos, o costume de parcelar compras não é tão popular quanto no Brasil.
É esse o serviço que a empresa oferece: parcelar o valor de compras sem juros. A fintech foi uma das primeiras a oferecer o financiamento sem ágio.
Buy now, pay later (compre agora, pague depois) é o slogan da Klarna.
SUAVE NA NAVE
A oferta saiu como o previsto em Wall Street, com uma forte alta das ações no primeiro dia de negociações ainda que menor do que o desempenho visto em outros papéis que estrearam recentemente.
A empresa vale agora US$ 17 bilhões (R$ 91 bilhões), depois de uma alta de 14% no valor das ações no primeiro pregão.
As ações da Figma, plataforma de design, valorizaram 250% no dia da estreia, no fim de julho. Os da Circle, emissora de criptoativos, 168%. Os preços das ações das duas despencaram nos dias seguintes ao IPO.
O mercado espera que a queda da Klarna seja mais equilibrada, assim como ocorreu no primeiro dia.
BEM-VINDOS DE VOLTA
A abertura de capital da empresa sueca e de outras companhias populares é um indicativo de que o mercado espera tempos mais tranquilos no segundo semestre: juros menores e menos turbulência na macroeconomia.
Sob pressão intensa de Donald Trump, o Federal Reserve decide a taxa de juros na próxima quarta-feira, dia 17 de setembro. As leituras recentes de indicadores econômicos levam investidores a acreditar em um corte, mas pode não ser o caso. De qualquer forma, você saberá o resultado na FolhaMercado.
**UM POUCO MENOS DE SOJA**
Tem mais soja do que gente no Brasil? Não, a expansão do agronegócio não chegou a este ponto, mas o grão é a commodity mais importante do país por mais um ano.
O valor da produção de soja no Brasil foi de R$ 260,2 bilhões em 2024, o que significa uma queda de 25,4% ante 2023 (R$ 348,7 bilhões), segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar do recuo, o grão ainda respondeu por 33,2% (um terço) do valor total da produção agrícola do país no ano passado (R$ 783,2 bilhões).
Com isso, a soja permaneceu como principal item das lavouras brasileiras. A participação era de 42,8% em 2023.
A cana-de-açúcar registrou o segundo maior valor de produção no país no ano passado. A cultura gerou quase R$ 105 bilhões, o equivalente a 13,4% do total da agricultura.
O milho aparece na sequência do ranking. O grão respondeu por 11,3% do valor total da produção agrícola nacional. A cifra gerada foi de R$ 88,1 bilhões, queda de 13,5% ante 2023.
O QUE ACONTECEU?
Problemas climáticos e uma queda no preço da commodity, segundo o órgão.
A estiagem e as altas temperaturas nas regiões Sul e Centro-Oeste, que concentram a produção de soja, fizeram com que a safra fosse menos produtiva do que o antecipado para o ano de 2024.
A queda dos preços, além de ter a ver com as negociações com o mercado global, também foi causada pelo estoque elevado que sobrou de 2023.
EM RISCO?
Neste ano, algumas notícias vindas de fora deixaram os produtores de soja brasileiros na corda bamba.
Donald Trump quer impulsionar a produção da commodity nos Estados Unidos, e, para isso, tenta convencer a China maior comprador do grão no mundo a comprar mais dos americanos.
O problema é que os chineses são os maiores consumidores da safra brasileira. Até o momento, nenhuma mudança substancial apareceu no mercado mas a possibilidade foi colocada na mesa.
**SEU ‘PERSONAL STYLIST’ CHEGOU**
Ter alguém para escolher o que você deve vestir todos os dias não soa nada mal, certo? É um luxo que, até hoje, era reservado para os ricaços e para as celebridades. O verbo está no tempo pretérito por um motivo: esse privilégio está mais perto de ser acessível.
A grife americana Ralph Lauren apresentou nesta semana o Ask Ralph, um chatbot que ajuda consumidores a se vestir como se estilista que nomeia a marca estivesse escolhendo os modelitos. É o que a empresa promete, pelo menos.
COMO?
A tecnologia usa o sistema criado pela colaboração entre Microsoft e OpenAI, operadora do ChatGPT. O nome do mecanismo não é dos mais criativos: Microsoft Azure OpenAI.
Ele permite que o usuário navegue pelos serviços de computação em nuvem da empresa de Bill Gates usando a interface criada pela companhia de Sam Altman. A grife não revelou o custo da empreitada.
“AVANT-GARDE”
A aposta é capitaneada por David Lauren, filho do estilista fundador da marca, que assumiu o branding e a inovação da companhia.
Não é a primeira vez que a empresa lidera a mistura entre a moda e a tecnologia. Nos anos 2000, a Ralph Lauren lançou o que divulgou como o primeiro e-commerce de uma marca de luxo, o Polo.com também em colaboração com a Microsoft.
A IA foi treinada com décadas de materiais de arquivo e coleções da grife e pode sugerir opções de roupa para eventos e responder perguntas sobre moda em uma linguagem que dê a sensação de proximidade com a clientela.
Nosso objetivo é nos tornar a autoridade estilista na sua vida, escreveu a marca. Sentiu o peso?
Ditar tendências faz parte do sucesso na moda. A decisão da Ralph Lauren faz parte de uma mudança maior no mercado de bens de consumo.
Empresas como a OpenAI e o Google estão competindo para se tornar o lugar em que você faz compras, um nicho de mercado hoje concentrado em outras empresas.
Hoje, os sites de e-commerce sugerem itens com base em suas buscas, preferências e avaliações. A ideia é usar a IA para chegar cada vez mais perto de uma experiência 100% individualizada para cada cliente.
**PARA LER**
Como os países quebram
Ray Dalio. Intrínseca. 400 páginas.
Ray Dalio é um dos maiores investidores do mundo. Ele se especializou na gestão de hedge funds fundos que, entre outras funções, tentam proteger quantias da flutuação do câmbio e viu seu nome crescer em Wall Street ao fundar a Bridgewater, referência em gestoras do tipo.
Para conhecer muito sobre câmbio, Dalio teve que aprender uma ou duas coisinhas sobre macroeconomia. Neste livro e em outras obras, ele compartilha um pouco desse conhecimento.
Aqui, ele responde as dúvidas mais frequentes de quem está aprendendo sobre o assunto. Um governo endividado pode ameaçar o bem-estar de seu povo? Há limites para as dívidas públicas?
Ele se dedica especialmente ao caso americano: a dívida pública dos EUA está em cerca de 120% do PIB. A título de comparação, a brasileira está em cerca de 77,6% número considerado alto por muita gente.
O economista debate se é mesmo possível que um país como os EUA, com uma moeda robusta e amplamente usada como o dólar, possa quebrar um dia. Ele ainda apresenta outros casos parecidos como China, Japão e alguns países europeus.
Sobre o governo Donald Trump, ele disse que os Estados Unidos caminham para uma autocracia de 1930.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Vacas gordas. As ações da Oracle, da qual falamos nesta semana, voltaram a subir ontem, com o anúncio de um contrato de U$ 300 bilhões com a OpenAI para a construção de data centers.
Ministra GPT. O governo da Albânia nomeou um bot de IA como ministra do governo em uma tentativa de combater a corrupção.
Na asa do patrão. A Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa dona do Ozempic, exigiu a volta do trabalho presencial um dia depois de demitir 9.000 pessoas.
Que nada! Donald Trump ofereceu a funcionários sul-coreanos a detidos na fábrica da Hyundai e da LG a regularização do status nos Estados Unidos, mas a maioria escolheu voltar para Seul.