BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que levantou a possibilidade de os EUA usarem forças militares contra o Brasil foi uma “bobagem” e que não gera preocupação ao Brasil.
“Uma porta-voz falou uma bobagem. Eu não vou responder porta-voz. Eu não vou responder porta-voz. Não cabe a presidente da república responder a porta-voz”, disse em entrevista à Band. “Não me torna preocupação porque eu não posso levar muito a sério a visão de uma porta-voz. Mas obviamente que os Estados Unidos vai saber que não estão tratando com uma república de Banana”
Leavitt afirmou na terça (9) que o presidente Donald Trump aplicou tarifas e sanções contra o Brasil para proteger a liberdade de expressão e que o país não terá medo de usar o “poder econômico e militar” para defendê-la.
A declaração ocorre após o começo da vigência da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros, imposta pelos Estados Unidos. A entrevista foi gravada antes da conclusão do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo STF (Supremo Tribunal Federal), nesta quinta-feira (11) à tarde.
Desde o anúncio de Trump, o governo brasileiro tem reforçado um discurso voltado à soberania nacional e reforçando a necessidade de diálogo com o presidente americano. No entanto, uma ligação direta entre os dois líderes ainda não ocorreu.
Em um primeiro período desde seu anúncio, o americano se mostrou fechado ao diálogo direto com seu homólogo brasileiro, mudando seu discurso, posteriormente, ao afirmar que Lula poderia ligar para ele “quando quiser”. O petista chegou a verbalizar, em discurso, que não ligaria para Trump porque o americano não queria falar. Segundo auxiliares do presidente, uma conversa entre dois chefes de Estado demanda preparações a mais.
Com isso, os contatos do Brasil com os EUA têm se dado principalmente entre Haddad e o Secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, com o qual o ministro brasileiro afirmou ter tido uma reunião desmarcada. Além dele, Alckmin tratou das negociações com Howard Lutnik, secretário de Comércio dos EUA.
Para amparar as empresas afetadas pelo tarifaço, o governo Lula lançou um crédito de R$ 30 bilhões para socorrer os setores mais afetados, após rodadas de conversas com representantes do empresariado. O crédito foi publicado por meio de uma MP (Medida Provisória) e já está em vigor.
Neste período pós anúncio das tarifas, Lula também se reuniu com ministros à frente do tema, entre eles, Haddad, Mauro Vieira (Relações Exteriores), e Alckmin, que também comanda a pasta de Indústria, Comércio e Serviços.
Na esfera internacional, Lula iniciou uma série de ligações a líderes mundiais, a começar pelos representantes dos principais países do bloco econômico Brics.
Desde o começo do tarifaço até o momento, Lula ligou para Naredra Modi, primeiro-ministro da Índia (país que recebeu o mesmo percentual de sobretaxa que o Brasil), Vladimir Putin, da Rússia, Xi Jinping, da China, e Emmanuel Macron, da França.