WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, informou nesta quinta-feira (11) ter encontrado uma arma que acredita ter sido usada no assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk, morto nesta quarta (10).
Os agentes de segurança ainda disseram ter imagens do suspeito e afirmaram que vão usar todos os recursos para encontrá-lo.
Kirk, 31, foi baleado durante evento na Utah Valley University, na cidade de Orem, nos EUA. O ativista foi o fundador do grupo de mobilização jovem Turning Point USA e se tornou uma das principais lideranças da direita americana. Era um aliado próximo do presidente Donald Trump.
“Hoje encontramos o que acreditamos ser a arma usada. É uma ‘bolt action rifle’ [um tipo de fuzil]. Foi encontrada em uma área de mata. Os investigadores também coletaram impressões digitais”, disse o agente especial do FBI, Robert Bohls, em entrevista.
Segundo o Wall Street Journal, os agentes que encontraram a arma acharam gravadas na munição expressões de “ideologia transgênero e antifascista”. A informação está em um relatório interno das equipes envolvidas no caso, de acordo com uma pessoa familiarizada com a investigação. Se confirmado, esse dado deve reforçar o discurso de Trump, pouco depois do assassinato, culpando a “esquerda radical” pelo crime, como “consequência trágica de demonizar aqueles de quem se discorda”.
O chefe da segurança de Utah, Beau Mason, onde ocorreu o assassinato, também disse que o FBI “tem boas imagens em vídeo desse indivíduo”, mas que ainda não irão divulgá-las. O suspeito “parece ser um indivíduo em idade universitária”, acrescentou Beau.
Segundo o FBI e autoridades estaduais, o atirador chegou ao campus minutos antes do início do evento com Kirk e pôde ser visto em imagens de câmeras de segurança subindo escadas para acessar o telhado de um prédio próximo, de onde disparou o tiro.
O atirador pulou do telhado e fugiu para um bairro vizinho, segundo o agente do FBI Robert Bohls.
Após ter sido alvejado no pescoço, Kirk chegou a ser levado ao hospital e a passar por cirurgia, mas não resistiu. Nas imagens do momento do disparo, é possível vê-lo perdendo muito sangue.
Trump decretou luto oficial de cinco dias em todo o país. O republicano culpou o discurso da “esquerda radical” pelo assassinato e disse que o crime foi a “consequência trágica de demonizar aqueles de quem se discorda”.
Conhecido por apoiar teorias da conspiração e ideias extremistas e por sua defesa vigorosa de Trump, Kirk ficou famoso quando fundou a Turning Point USA em 2012, aos 18 anos, uma organização que rapidamente angariou fundos de doadores republicanos poderosos e o catapultou para a posição de principal líder da juventude de direita americana.
Com a ascensão política de Trump a partir de 2016, o influenciador se associou ao bilionário e cresceu em alcance e importância durante seu primeiro mandato na Casa Branca.
O vice-presidente, J. D. Vance, com quem Kirk costumava trocar mensagens, manifestou-se nas redes: “Ó Senhor, conceda-lhe descanso eterno”.
O episódio também provocou manifestação de repúdio de políticos democratas. A ex-vice-presidente Kamala Harris, derrotada por Trump no ano passado, disse nas redes sociais, antes do anúncio da morte de Kirk: “Condeno este ato, e todos precisamos trabalhar juntos para que isso não leve a mais violência.”
O ex-presidente Joe Biden disse que “não há lugar para esse tipo de violência”, e Barack Obama afirmou que “esse tipo de violência desprezível não tem lugar em uma democracia”.
A Turning Point USA, cujo nome significa algo como “Momento da Virada”, teve papel crucial na mobilização de eleitores jovens para Trump no pleito do ano passado. Seus eventos em campi de várias regiões dos EUA costumavam reunir uma grande quantidade de estudantes identificados com a direita.
Depois de vencer Kamala, durante um comício em dezembro passado, Trump agradeceu a Kirk pelo seu trabalho de motivar os jovens a votar nele.
Kirk tinha 5,2 milhões de seguidores no X e apresentava um podcast e programa de rádio, “The Charlie Kirk Show”. Ele também coapresentou recentemente o “Fox & Friends”, na Fox News, um dos programas mais importantes e populares da emissora conservadora.
Em suas falas, ele frequentemente atacava a mídia tradicional e abordava temas como raça, gênero e imigração, quase sempre de forma provocativa e, de acordo com seus críticos, racista e machista.
Em 2023, Kirk havia dito em evento que “vale a pena pagar o preço, infelizmente, de algumas mortes por tiroteio todos os anos para que possamos ter a segunda emenda [que garante o direito ao armamento nos EUA]”.