SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A executiva Catia Porto foi demitida da Vale nesta semana após ocupar, por dez meses, o posto de vice-presidente global de recursos humanos.

Em fevereiro, meses após assumir a chefia de RH da mineradora, Porto se envolveu em polêmica ao publicar uma série de stories em seu perfil no Instagram em que afirmava que a cultura “woke” está perdendo espaço nas empresas e que as políticas de diversidade dão lugar a um movimento baseado no mérito e no desempenho.

Comentando um artigo do Wall Street Journal, Porto afirmou que o chamado DEI (diversidade, equidade e inclusão), que privilegia a diversidade como elemento-chave, deixou de ser o norte das companhias para dar lugar ao MEI (mérito, excelência e inteligência), que enfatiza o desempenho do trabalhador.

O comentário foi feito em resposta a uma pergunta sobre os motivos que envolvem o fim gradual do home office e o retorno ao modelo presencial de trabalho, que estaria associado, segundo ela, à performance como resultado do aumento da colaboração, aprendizado e produtividade.

Na postagem, Porto deixou claro que não apontaria sua opinião pessoal sobre o assunto, mas enfatizou que quem entende de movimentos sabe que é necessária uma adaptação rápida às mudanças, ou ficará no “grupo que reclama, resiste e não sai do lugar”.

À época, a publicação de Porto gerou debate por conta do uso do termo woke, geralmente utilizado por conservadores de forma pejorativa para se referir à agenda que engloba pautas identitárias e de representação. No Brasil, além do woke, o termo “lacração” também é constantemente associado ao assunto.

A Vale precisou declarar em nota que não havia mudado suas políticas e diretrizes para a agenda de diversidade e inclusão –movimento que ganhou força em companhias estrangeiras como Meta, Amazon e McDonald’s após a volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos.

“A companhia acredita que a pluralidade aprimora a capacidade de trazer novas soluções para o negócio, gera mais engajamento e contribui para a inovação, a performance e a eficiência. Nosso objetivo é criar um ambiente em que todos, independentemente de origem, identidade ou experiência, sintam-se valorizados e tenham oportunidades iguais de desenvolvimento. Seguiremos trabalhando para garantir que nossa equipe reflita a pluralidade da sociedade brasileira, sempre com base no mérito, no respeito e na inclusão”, disse a Vale em nota logo após a polêmica.

Em seu perfil no LinkedIn, Porto se destaca por postagens debatendo diversidade, negritude, além do papel de mulheres e mães no mercado de trabalho. Formada em psicologia, ela liderou o RH de multinacionais como Nokia, BAT (British American Tobacco), UnitedHealth Group e Carrefour.

Sua saída não foi comunicada pela Vale ao mercado, pois ela não ocupava cargo que exige, por estatuto, comunicação formal à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A Vale também retirou Porto da lista de líderes da companhia em uma página exclusiva em seu site.