BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Gilmar Mendes se uniram em uma reação contra Luiz Fux um dia após ministro votar pela absolvição de Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a trama golpista.

Relator da ação, Moraes pediu para interromper o voto de Cármen para rebater argumentos apresentados por Fux. O ministro chegou a mostrar vídeos de falas de Bolsonaro direcionadas ao Supremo, quando era presidente.

Moraes fez comentários durante o vídeo e chamou as declarações de Bolsonaro de “grave ameaça” ao STF. “Eram atos aleatórios?”, disse Moraes.

“Uma imagem vale mais do que mil palavras”, disse, ao exibir um vídeo com ataques de Bolsonaro, que dizia em discurso público que o ministro teria que arquivar investigações contra ele. Moraes disse que se isso acontecesse com um político ameaçando qualquer juiz do país, seria considerado um ataque criminoso.

O presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, se alinhou a Moraes. Disse que as declarações de Bolsonaro indicavam uma “coação institucional”, antecipando uma percepção que só deve ser manifestada em seu voto. “É inadmissível e não faz parte do Estado democrático de Direito”, disse.

Cármen também deu indiretas a Fux desde os primeiros momentos do voto. Ainda na avaliação das questões preliminares, sobre formalidades do processo, ela discordou do ministro e afirmou que a competência para julgar o caso é do STF. “E eu sempre votei do mesmo jeito”, afirmou, citando o processo do mensalão, do qual ambos participaram.

O ministro Gilmar Mendes, que não faz parte da Primeira Turma, esteve na sessão desta quinta-feira e se sentou na primeira fila do plenário, num gesto que foi descrito por ministros do grupo de Moraes como um gesto de apoio e uma manifestação de isolamento de Fux.

Dino também pediu para utilizar o tempo de fala de Cármen para se manifestar. Ele fez novas críticas à proposta de anistia aos acusados de tramar um golpe e citou o assassinato do influenciador trumpista Charlie Kirk.

“Há uma ideia, segundo a qual, anistia e perdão é igual a paz. E foi feito o perdão nos Estados Unidos, e não a paz”, disse Dino, em intervenção durante o voto da ministra Cármen Lúcia no julgamento de Bolsonaro e mais sete réus.

Em janeiro, o presidente Donald Trump assinou decreto perdoando uma série de pessoas acusadas de crimes relacionados à invasão do Capitólio.

“Às vezes, a paz se obtém pelo funcionamento adequado das instâncias repressivas do Estado”, disse Dino.