SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar opera em queda e alcançou o menor patamar em 14 meses, enquanto a Bolsa sobe e voltou a bater recorde no pregão desta quinta-feira (11) após a divulgação de dados de pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA, que vieram bem acima das projeções. O número reforçou a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve (banco central americano).
Os investidores ainda avaliam o dado de inflação nos Estados Unidos, que veio um pouco acima do esperado, e os números do varejo brasileiro, em linha com as expectativas de desaceleração da economia.
Por volta das 13h55, a moeda americana era negociada em queda de 0,44%, a R$ 5,382, enquanto o o Ibovespa subia 0,88%, aos 143.605 pontos. Durante o dia, o dólar bateu em R$ 5,374, menor valor desde julho do ano passado, e a Bolsa superou os 144.000, batendo novo recorde.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA aumentaram 27.000, para 263.000 na semana encerrada em 6 de setembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam 235.000 pedidos para a última semana.
Também nos EUA, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,4% no mês passado, depois de aumentar 0,2% em julho. Economistas consultados pela Reuters previam que os preços ao consumidor aumentariam 0,3% ante o mês anterior.
O número é acompanhado com lupa pelos investidores, já que pode indicar a tendência para os juros na próxima reunião do Fed.
“A inflação americana apresenta uma certa persistência, uma resiliência, uma dificuldade de estabilização. Mas o número não deve tirar as apostas de cortes de juros pelos investidores na decisão do Fed de 17 de setembro”, avalia Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Os investidores também acompanharam a decisão sobre juros do Banco Central Europeu, que manteve a taxa em 2% ao ano nesta quinta.
Por aqui, as vendas do varejo brasileiro caíram 0,3% em relação a junho, segundo o IBGE, dentro do esperado pelo mercado, marcando o quarto mês consecutivo de queda em julho, em mais um sinal do esfriamento gradual da atividade econômica.
“Os resultados dos últimos meses reforçam nossa análise de que o varejo vem perdendo força ao longo deste ano”, afirmou Claudia Moreno, economista do C6 Bank. “Os números mais fracos vêm principalmente de segmentos sensíveis ao crédito, que são impactados diretamente pela Selic em patamar elevado, como veículos, materiais de construção, móveis e eletrodomésticos.”
“A Bolsa abriu em leve alta, refletindo ainda o bom humor que a gente tem observado para os ativos brasileiros por conta da expectativa de corte de juros em breve”, afirmou Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos. “O dado de inflação de ontem corrobora esse cenário.”
As ações de construtoras e do varejo, que se beneficiam de eventuais cortes de juros, eram as que mais subiam nesta manhã, com destaque para Cyrela, Companhia Brasileira de Distribuição e Magazine Luíza. Também operavam em alta ações de frigoríficos, como BRF, Marfrig e Minerva.
O mercado aguarda hoje a continuidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado. Ontem, a Primeira Turma do STF retomou a análise do processo com o ministro Luiz Fux, que descartou condenar o ex-presidente por organização criminosa.
“Existe a possibilidade dos últimos dois votos serem lidos hoje e isso causa certa apreensão, com a possibilidade de piora nas relações comerciais e diplomáticas com os Estados Unidos”, aponta Mattos.
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram na última terça-feira (9) para condenar os oito réus em julgamento por todos os crimes pelos quais são acusados: abolição do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Dino apontou que pode aplicar penas mais leves aos ex-ministros Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira e ao ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem, por entender que houve menor participação dos três.
O julgamento deve terminar na sexta, quando está prevista a leitura da sentença. Faltam os votos de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Na quarta (10), a moeda americana registrou queda de 0,54% nesta quarta-feira (10), cotado a R$ 5,406.
Já a Bolsa brasileira teve alta de 0,51%, fechando aos 142.348 pontos. O Ibovespa chegou a superar os 143 mil pontos no pregão, mas desacelerou ao longo do dia.
O desempenho do Ibovespa acompanhou a alta das ações do Banco do Brasil, que subiram mais de 3% após a publicação de uma MP (medida provisória) que libera R$ 12 bi para a renegociação das dívidas do agro, e da Petrobras, que registrou alta de 1,80%. O setor de varejo também teve um dia positivo, favorecido pela queda do IPCA divulgada na manhã desta quarta.
Na ponta negativa, a Embraer teve recuo de 1,58%, mesmo após o anúncio de uma encomenda de mais de 50 aeronaves feita pela empresa americana Avelo.