WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou a morte do influenciador trumpista de extrema direita Charlie Kirk, morto nesta quarta (10), logo no início de um discurso em cerimônia para homenagear as vítimas pelos ataques terroristas do 11 de setembro de 2001 no Pentágono.

“Deixa eu expressar o horror e o pesar pela morte de Charlie Kirk. Ele era uma inspiração para milhares de pessoas”, disse o presidente. “Gostaria de anunciar que vou premiar Kirk postumamente com a medalha da liberdade”, contou.

Kirk, 31 anos, foi baleado durante evento na Utah Valley University, na cidade de Orem, nos EUA. O ativista foi o fundador do grupo de mobilização jovem Turning Point USA e tornou-se uma das principais lideranças da extrema direita americana e era considerado um aliado por Trump e republicanos.

Kirk chegou a ser levado ao hospital e a passar por cirurgia, mas não resistiu.

A morte foi anunciada na rede Truth Social pelo próprio Trump, que culpou a extrema-esquerda pelo assassinato. “O grande, e mesmo lendário, Charlie Kirk, está morto”, escreveu Trump. “Ninguém entendeu ou tinha em mãos o coração da juventude dos EUA melhor do que Charlie. Ele era amado e admirado por todos, especialmente por mim, e agora ele não está mais conosco.”

O presidente decretou luto oficial de cinco dias em todo o país. Horas depois, culpou o discurso da “esquerda radical” pelo assassinato e disse que o crime foi a “consequência trágica de demonizar aqueles de quem se discorda”.

Mais tarde, nesta quinta, o presidente americano viaja a Nova York nesta quinta para um jogo de beisebol com o time do Yankees, onde também ocorrerá uma homenagem aos mortos no atentado de 11 de Setembro.

O ativista da direita foi alvejado no pescoço enquanto debatia com estudantes. Kirk costumava promover discussões nas universidades, quando colocava uma placa com os dizeres “prove que eu estou errado” e esperava que pessoas o desafiassem para debates.

Uma porta-voz da universidade, Ellen Treanor, disse que Kirk foi atingido pelos disparos 20 minutos depois de começar a falar em público, e que os tiros vieram de um edifício a cerca de 180 metros de distância.

Conhecido por apoiar teorias da conspiração e ideias extremistas e por sua defesa vigorosa de Trump, Kirk ficou famoso quando fundou a Turning Point USA em 2012, aos 18 anos, uma organização que rapidamente angariou fundos de doadores republicanos poderosos e catapultou Kirk para a posição de principal líder da juventude de direita americana.

Com a ascensão política de Trump a partir de 2016, o influenciador se associou ao bilionário e cresceu em alcance e importância durante seu primeiro mandato na Casa Branca.

Críticos de Kirk apontaram repetidamente um caráter homofóbico e racista em suas falas públicas, o que contribuiu para sua aderência com o movimento Maga —acrônimo em inglês para “Faça a América Grandiosa Novamente”— e oposição ferrenha à “ideologia woke”, como reafirmou em suas redes.

Foi nos primeiros momentos da pandemia nos EUA, no início de 2020, que o influenciador avolumou ainda mais seu público. À época, em consonância com discursos trumpistas, Kirk cresceu ao atacar a Organização Mundial da Saúde —à qual se referia como Organização da Saúde de Wuhan, em referência à teoria de que o vírus da Covid-19 fora produzido em um laboratório na cidade chinesa.

O ativista ainda foi banido temporariamente do Twitter (atual X) em março de 2020 por publicar mentiras de maneira sistemática —ele insistiu, por exemplo, na campanha a favor do tratamento da Covid-19 com hidroxicloroquina, mesmo após evidências científicas comprovarem a ineficácia do medicamento.