SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça de São Paulo absolveu sumariamente os policiais militares Rubem Pinto Santos e Rafael Perestrelo Trogillo, que eram réus pela morte de um homem em julho de 2023 durante a Operação Escudo, que deixou um saldo oficial de 28 mortos pela PM. Promotores do Ministério Público estadual os acusavam, com base em imagens das câmeras corporais, de colocar uma arma ao lado do corpo.
A vítima era Jefferson Junio Ramos Diogo, 34. A família dele relatou que Diogo era usuário de crack havia ao menos três anos, que ele dormia na rua e costumava perambular na rodoviária do Tietê, na zona norte da capital. Os familiares não sabem como ele chegou a Guarujá, mas apresentaram um extrato bancário em seu nome mostrando que movimentações de menos de R$ 100 e saques sempre na mesma região.
O juiz Edmilson Rosa dos Santos, da 3ª Vara Criminal de Guarujá, considerou que há indícios suficientes de que os PMs agiram em legítima defesa. Uma das principais provas para chegar a essa conclusão foi a perícia na arma atribuída a Diogo, que apontou indícios de disparos recentes.
“A suposição de que policiais teriam ingressado neste ambiente com armamento clandestino apenas para simular um confronto e executar um usuário de drogas, não identificado como ameaça conhecida, carece de lógica, razoabilidade e qualquer respaldo nos autos”, escreveu o juiz, em sentença publicada nesta quarta-feira (10).
A morte de Diogo ocorreu em 29 de julho daquele ano na comunidade Prainha, em Guarujá. A Operação Escudo havia sido deflagrada na véspera após a morte de um colega dos réus na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, tropa de elite da PM paulista), o soldado Patrick Bastos Reis, 30.
Além dos soldados Santos e Trogillo, também fazia parte da equipe Samuel Wesley Cosmo, que morreria em fevereiro do ano seguinte durante uma ação policial em Santos.
As imagens de câmeras corporais da ocorrência que resultou na morte de Diogo mostram que os PMs estavam agachados atrás de uma cerca quando um deles diz ao colega ter visto um suspeito com uma arma na mão. Uma troca de tiros tem início logo depois.
Segundo o relato no boletim de ocorrência, eles avistaram três suspeitos. Dois correram para um lado durante a troca de tiros, e Diogo foi alvejado após ir em outra direção. Ele foi ferido com quatro tiros.
Dois dos três PMs envolvidos não ligaram as câmeras durante o confronto, contrariando os protocolos da PM. Eles fazem isso apenas após o soldado Rubem ir até Diogo, que está caído no chão e possivelmente já morto. Logo após chegar próximo ao corpo, ele diz a um colega que o suspeito “está desarmado”.
Os promotores afirmam que uma arma foi colocada pelo soldado ao lado do corpo nesse momento. Não é possível perceber pelas imagens se Diogo estava armado antes dos tiros.
Todos os inquéritos relacionados às 28 mortes na ação do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) já foram encerrados eles resultaram em quatro denúncias de promotores do Ministério Público estadual contra oito PMs, e os outros casos foram arquivados.
Já a Operação Verão, que deixou um saldo oficial de 56 mortos pela PM no ano seguinte, motivou três denúncias contra cinco policiais, e as demais investigações também foram arquivadas.