RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O valor da produção de soja no Brasil foi de R$ 260,2 bilhões em 2024, o que significa uma queda de 25,4% ante 2023 (R$ 348,7 bilhões), segundo dados divulgados nesta quinta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O órgão associou a redução a impactos de problemas climáticos e baixa nos preços da commodity.
Apesar do recuo, o grão ainda respondeu por 33,2% (um terço) do valor total da produção agrícola do país no ano passado (R$ 783,2 bilhões).
Com isso, a soja permaneceu como principal item das lavouras brasileiras. A participação era de 42,8% em 2023.
A comparação com um período mais longo dá uma dimensão de como a cultura ganhou espaço no campo ao longo das décadas.
Em 1974, ano inicial da série histórica do IBGE, a soja respondia por 10,9% do valor total da produção agrícola. Ou seja, o percentual triplicou em 50 anos, ficando acima de 30% em 2024.
Os dados integram a pesquisa da PAM (Produção Agrícola Municipal). Os valores são divulgados pelo IBGE em termos nominais sem levar em conta a inflação.
O levantamento investiga lavouras temporárias e permanentes do país. O universo é composto por 64 produtos agrícolas, segundo o IBGE.
De acordo com o instituto, o Brasil produziu 144,5 milhões de toneladas de soja em 2024. Houve queda de 5% ante o recorde verificado em 2023 (152,1 milhões de toneladas).
A redução ocorreu em meio a problemas de estiagem e altas temperaturas. Além da colheita menor, o valor da produção também encolheu com preços mais baixos devido a estoques elevados do ano anterior, segundo o instituto.
Ao analisar a série histórica, Winicius de Lima Wagner, supervisor da PAM, afirma que a soja se consolidou no Brasil a partir do desenvolvimento da agricultura na região do cerrado e de avanços de pesquisa e tecnologia.
“Os produtores têm domínio sobre o processo de produção e há uma logística de venda, de colocação no mercado, muito boa. Isso faz com que o Brasil acabe se destacando na posição de maior produtor e exportador de soja”, diz o técnico do IBGE.
A cana-de-açúcar registrou o segundo maior valor de produção no país no ano passado. A cultura gerou quase R$ 105 bilhões, o equivalente a 13,4% do total da agricultura.
A produção de cana caiu 2,9% sob os efeito do clima, mas o aumento dos preços do etanol colaborou para um crescimento de 3% na receita obtida.
O milho aparece na sequência do ranking. O grão respondeu por 11,3% do valor total da produção agrícola nacional. A cifra gerada foi de R$ 88,1 bilhões, queda de 13,5% ante 2023.
No início da série histórica, em 1974, o milho aparecia na liderança do ranking. Representava 12,6% do valor total da produção agrícola do Brasil. Café (12,2%) e soja (10,9%) vinham na sequência.
Ao marcar R$ 783,2 bilhões em 2024, o valor total da produção da agricultura brasileira caiu 3,9% ante 2023 (R$ 815 bilhões), disse o IBGE. Foi o segundo ano consecutivo de retração.
A safra de grãos mostrou recuperação em 2025 com melhores condições climáticas. Projeções apontam recorde neste ano.
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Principais culturas do Brasil
Participação no valor total da produção agrícola em 2024, em %
Soja – 33,2
Cana-de-açúcar – 13,4
Milho – 11,3
Café – 8,8
Algodão herbáceo – 4,0
Laranja – 3,6
Arroz – 2,8
Mandioca – 2,3
Banana – 2,1
Cacau – 1,9
Fontes: IBGE