(UOL/FOLHAPRESS) – O Aeroporto Internacional de Katmandu, no Nepal, aberto após dois dias fechado por protestos, ficou lotado com centenas de pessoas tentando deixar o país.

Alguns estrangeiros tentavam voltar para casa e quem perdeu voos nos dias em que o aeroporto ficou fechado tentava recuperar a viagem. A informação é da agência de notícias Associated Press, que visitou o local na noite desta quarta-feira (10).

Companhias aéreas indianas afirmaram que vão reforçar voos para retirar passageiros da região. A Air India e a IndiGo disseram que a mudança vai valer pelos próximos dias para ajudar com a demanda no local.

Maioria dos voos de reforço vão para Nova Déli, a cerca de 900 quilômetros da capital do Nepal. Segundo o ministro da Aviação do país, as companhias aéreas foram orientadas a manter o preço da passagem “acessível” para ajudar os turistas e cidadãos que queiram deixar o país.

Maior preocupação dos nepaleses é quem vai assumir o governo interino após a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli. Segundo a AP, o ex-premiê foi chamado para liderar o governo de transição até a estabilização da situação do país, mas “desapareceu” da sua residência oficial sem responder se assumiria ou não o papel.

ENTENDA PROTESTOS NO NEPAL

O governo proibiu 26 redes sociais de operarem no país, afirmando que elas não estariam cumprindo as novas regulamentações estatais. O banimento atingiu plataformas populares como Instagram, X, Facebook e Youtube.

Foram bloqueadas as redes sociais: Facebook; Messenger; Instagram; YouTube; WhatsApp; X; LinkedIn; Snapchat; Reddit; Discord; Pinterest; Signal; Threads; WeChat; Quora; Tumblr; Clubhouse; Mastodon; Rumble; VK; Line; IMO; Zalo; Soul; Hamro Patro e BeReal.

Alegando indignação com o bloqueio das redes, jovens foram às ruas na segunda-feira em protestos. Eles também cantavam contra a corrupção no país, afirmando que ela deveria acabar, e “não as redes sociais”.

A polícia abriu fogo contra manifestantes e ao menos 19 pessoas morreram na ocasião, segundo agências de notícias locais. As mortes inflamaram ainda mais a multidão, que seguiu nas ruas.

Além de incendiar prédios públicos e um hotel, manifestantes também queimaram as residências de políticos e espancaram um ministro. Vídeos das agressões e dos incêndios foram publicados nas redes sociais, que tiveram bloqueio suspenso.

A esposa de um ex-premiê morreu ao ter a casa incendiada, segundo um jornal local. Os danos totais causados pelas manifestações ainda não foram divulgados.

Bloqueio às plataformas foi suspenso na terça, no mesmo dia em que o primeiro-ministro renunciou, mas protestos continuaram. Segundo analistas, a movimentação reflete uma frustração muito mais ampla, com acusações de corrupção contra a elite política do país.