PEQUIM, None (FOLHAPRESS) – Os cargos dos principais oficiais que farão parte da delegação da China durante a COP30, em Belém, devem ser os mesmos que representaram o país asiático na última conferência do clima das Nações Unidas, em Baku, no Azerbaijão.

A ausência do líder Xi Jinping deve ser compensada por Ding Xuexiang, primeiro-vice-ministro do país, e o cotado para ser o negociador é o vice-ministro do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente, Li Gao.

Na última conferência, Ding já havia representado Xi, e o negociador foi o então vice-ministro do Meio Ambiente, Zhao Yingmin.

A delegação deve ser reduzida em relação às últimas conferências, com cerca de cem enviados de órgãos públicos, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. O valor total pode chegar a mil, inflado pela presença de membros informais, como empresários.

O Brasil, porém, espera que a China traga uma “enorme” representação, disse a CEO da COP30 Ana Toni em visita à Pequim nesta quinta-feira (11).

“Estamos trabalhando muito de perto com o embaixador da China no Brasil e ouvimos dele recentemente que a delegação chinesa tem convidados que já tem suas acomodações garantidas. A China trará uma delegação muito grande, no mais alto nível político, como em outras COPs. Portanto, estamos esperando uma delegação chinesa enorme”, afirmou Toni em entrevista a jornalistas brasileiros e estrangeiros na Embaixada do Brasil na capital chinesa.

As expectativas brasileiras divergem do relatado pela China até agora, como no encontro com o embaixador do país Zhu Qingqiao, com o governador do Pará, Helder Barbalho, em que o oficial chinês adiantou que a delegação seria de cem oficiais.

Além de diplomatas, a CEO do evento afirma que o Brasil espera a presença de representantes do setor privado chinês, uma presença que estaria sendo ativamente convidada pela organização da conferência.

Questionado pela Folha sobre o tamanho da delegação, o porta-voz do regime chinês Lin Jian, afirmou que o país apoia a COP30, assim como vê com bons olhos a criação do Fundo de Florestas Tropicais (TFFF, na sigla em inglês).

Jian não confirmou, porém, se o país deve se comprometer com o fundo ou qual o tamanho da delegação chinesa para a conferência.

Especialistas ouvidos pela Folha afirmaram que a redução da delegação chinesa à COP30 em relação às duas conferências anteriores estaria ligada à questão dos valores excessivos das diárias cobradas pelos hotéis em Belém, tema que já gerou desgaste do governo Lula (PT) com países convidados.

A questão levou, por exemplo, o presidente da Áustria, Alexander van der Bellen, a desistir de comparecer. Representantes de mais de 20 países, por meio de uma carta, pediram para que a sede da conferência fosse alterada. A organização do evento nega essa hipótese, e criou uma força-tarefa para resolver o problema.

Segundo Toni, a força-tarefa está trabalhando em parceria com as delegações para garantir que todas tenham hospedagem adequada, além de abrir processos administrativos contra as hospedagens que cobram valores abusivos via Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), do Ministério da Justiça.

“Nós criamos uma força-tarefa para as delegações em vez de deixá-las procurarem sozinhas, de forma que pudéssemos ajudá-las. E começamos pelos países menos desenvolvidos do Pacífico, porque eles tinham mais dificuldade”, afirmou.

Agora, segundo Toni, cerca de 70 dos 197 países têm hospedagem garantida para o evento, que acontece de 10 a 21 de novembro na capital do Pará.