SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Decarlos Brown Jr., acusado de matar Iryna Zarutska em um trem nos EUA no fim de agosto, afirmou em ligação com sua irmã, logo após o ocorrido, que “materiais” dentro de seu corpo o levaram a matar a ucraniana na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte.

A gravação, compartilhada por sua irmã Tracy Brown com o jornal britânico The Daily Mail, foi obtida a partir de um telefonema entre ambos depois do crime. “Eles simplesmente a atacaram, foi o que aconteceu”, disse Decarlos, tentando explicar o assassinato à irmã. “Quem quer que estivesse trabalhando com os materiais a atacou. Só isso.”

Decarlos, segundo sua família, tem esquizofrenia. Ele já havia sido preso 14 vezes nos últimos 12 anos, de acordo com o Departamento do Xerife do Condado de Mecklenberg, onde fica Charlotte, incluindo acusações de assalto à mão armada, furto em lojas e danos à propriedade privada.

“Agora eles realmente precisam investigar a que meu corpo foi exposto… Agora eles precisam fazer uma investigação para descobrir quem foi o motivo por trás do que aconteceu”, diz Decarlos na ligação disponibilizada por Tracy.

“De todas as pessoas, por que ela?”, pergunta a irmã, referindo-se a Zarutska. “Ela é da Ucrânia, ela é da Rússia, e eles estavam em guerra contra os Estados Unidos, então estou tentando entender, de todas as pessoas, por que ela?”, indagou durante a conversa.

Ele afirmou que “estava indo para o hospital no centro da cidade para contar a eles… que estou tentando me livrar do material… para parar de enlouquecer”.

Tracy afirmou ao jornal britânico que seu irmão não deveria estar convivendo livremente em público —a mãe de ambos já havia declarado o mesmo. A presença de “materiais” em seu corpo já havia sido tema de uma conversa de Decarlos com policiais.

Em janeiro, quando a polícia realizou uma verificação de bem-estar, ele disse que alguém lhe havia dado “um material artificial que controlava quando ele comia, andava, falava”, de acordo com registros judiciais. Ele ficou chateado quando os policiais lhe disseram que não podiam fazer nada a respeito e ligou para o 911 [serviço de emergência americano].

Ele foi então acusado de uso indevido do 911. Decarlos foi libertado dias depois, com a magistrada Teresa Stokes concordando em libertá-lo sob a condição de que ele assinasse uma promessa por escrito de comparecer a futuras audiências. Nos documentos, “natureza e circunstâncias da ofensa” estão marcadas como um fato que apoiou as condições de libertação.

Decarlos foi preso e, depois de uma acusação estadual, pesa sobre ele também uma acusação federal de homicídio doloso. Embora as acusações estaduais e federais possam resultar em penas de morte, o estado da Carolina do Norte não executa um detento desde 2006, enquanto o governo federal realizou execuções até 2021.

O caso tomou repercussão após membros da base trumpista —e também o presidente Donald Trump— inflamarem seu público apoiador, ao utilizar o assassinato de Zarutska como exemplo para suas afirmações de que a violência está aumentando no país, mesmo que os dados apontem para o contrário.