SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um homem viveu o sonho de ser o mais rico do mundo por algumas horas. Depois, ele teve que voltar para a dura realidade de ser apenas o segundo homem mais rico do mundo.
Também aqui: Reag quebra em pedaços depois de investigação sobre PCC, inflação recua e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (11).
**SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO**
Tudo o que é bom dura pouco. O momento de Larry Ellison no topo do ranking de mais rico durou pouco, mas a bonança dele está longe de acabar.
Por algumas horas nesta quarta-feira (10), o cofundador da Oracle ultrapassou Elon Musk, CEO da Tesla, como o dono da maior fortuna do mundo.
Ao final do pregão, as posições se inverteram novamente ele vai ter que se contentar com o de segundo homem mais rico.
Começando do começo quem é esse tal de Larry Ellison?
Ele criou a Oracle, com Bob Miner e Ed Oates. Sua companhia vende soluções para empresas, trabalha com gerenciamento de bancos de dados e está presente em 55 países. Atua na criação e atualização de servidores, armazenamento na nuvem e cresce na área de inteligência artificial.
Entre suas principais concorrentes estão Microsoft, SAP, Salesforce, Amazon e IBM.
Falando em inteligência artificial foi o que impulsionou a fortuna do executivo. Na terça (9), a Oracle divulgou os resultados do segundo trimestre, destacando que avança no desenvolvimento de soluções nesse segmento.
A CEO, Safra Catz, celebrou o fechamento de quatro contratos de vários bilhões de dólares com três clientes, o que impulsionou os resultados financeiros.
DISPAROU
O anúncio empolgou os investidores e fez as ações da Oracle decolarem assim que o pregão abriu, com alta de até 30%.
A participação de Larry Ellison na empresa disparou para um valor de mais de US$ 386 bilhões (R$ 2,08 trilhões). A cifra superou o patrimônio líquido total de Musk de aproximadamente US$ 384 bilhões (R$ 2,07 trilhões).
A alta das ações da Oracle perdeu força durante a tarde, o que deixou a participação de Ellison avaliada em (apenas?) US$ 378 bilhões no fechamento dos mercados americanos.
O resultado foi possível também porque as ações da Tesla estão perdendo valor, depois de polêmicas envolvendo Elon Musk e a maior concorrência no mercado de elétricos. O preço das ações da fabricante de VEs caiu um quarto desde dezembro.
**NADA A VER COM ISSO!**
É comum que quando alguém se percebe no meio de uma confusão, quer fazer de tudo para se livrar dela. É mais ou menos isso que acontece na Reag neste momento.
RECAPITULANDO
A Reag Investimentos é investigada na Operação Carbono Oculto, que apura ação do grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital) em negócios da economia formal. Ela nega qualquer envolvimento.
A suspeita do Ministério Público é de que ela teria sido contratada para gerir fundos que lavavam dinheiro vindo de atividades ilícitas da facção.
CASA CAIU
Depois da deflagração da Carbono Oculto, a Reag teve que reagir.
[1] Sai o patriarca
João Carlos Mansur, que fundou a companhia em 2012, vendeu sua participação e deixou a empresa na tentativa de estancar a crise de credibilidade.
Ele negociou a liquidação de sua fatia e a dos então controladores, que somavam 87,38% do capital social, em uma operação do tipo MBO, management buyout, quando os gestores de uma empresa compram o controle da companhia em que trabalham, tornando-se proprietários.
O valor estimado da aquisição é de R$ 100 milhões, com uma parcela variável vinculada à receita operacional líquida pelo prazo de 5 anos.
[2] Tchau, crédito!
A Reag selou ontem a venda da Empírica Holding, que era sua desde 2024, para a gestora SRM, especializada em crédito.
Com a compra, os ativos sob gestão da SRM sobem para R$ 7 bilhões.
[3] Cobra engolindo elefante
A B100, holding da Planner Corretora, assinou um protocolo de intenções para comprar a Ciabrasf, prestadora de serviços fiduciários da Reag.
Por 60 dias, a B100 tem exclusividade para fazer a aquisição. A adquirida tem cerca de R$ 340 bilhões sob sua gestão muito menos do que a compradora, que administra cerca de R$ 12,7 bilhões.
Segundo o relato de fontes ao jornal Valor Econômico, a transação não envolve a DVTM de Mansur (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), mas sim a carteira de clientes da Ciabrasf.
**INVESTIMENTO NAS ALTURAS**
O programa Minha Casa, Minha Vida parece mais resistente do que antes às turbulências do mercado imobiliário, que enfrenta juros altos, redução de financiamento para construtoras e inflação.
COMO ASSIM? No segundo trimestre de 2025, os lançamentos avançaram 11,7%, totalizando 17.911 unidades, e o Valor Geral de Vendas (VGV) atingiu R$ 5,1 bilhões, ante R$ 4,2 bilhões no mesmo período de 2024, de acordo com levantamento da Brain Inteligência Estratégica.
As vendas aceleraram ainda mais: 19.354 unidades comercializadas de abril a junho, alta de 74% na comparação anual, mostra o estudo.
O programa agora representa quase 60% dos lançamentos e mais da metade das vendas em São Paulo.
TEM GENTE PARA TUDO ISSO?
Sim e não. Há muitos interessados, mas uma parte considerável procura imóveis como uma forma de investimento.
“O interesse por esse tipo de imóvel sempre existiu. O que mudou foi a capacidade das construtoras de atender esse público”, disse o CEO da Brain, Fábio Tadeu Araújo.
POR QUÊ?
A pesquisa aponta três motivos principais para a resiliência do programa na capital paulista.
1 – A política habitacional da cidade está mais permissiva, autorizando construir mais em um mesmo terreno do que em outros tipos de padrão e usando o valor de outorga para dar subsídio para os empreendimentos.
2 – O governo Lula mudou a estrutura dos preços, o que possibilitou um novo encaixe dos valores na capital, aumentando o potencial de oferta nos últimos dois anos e meio.
3 – Os trabalhadores têm acesso facilitado aos recursos do FGTS (Fundo de Garantia), tanto no programa quanto em outras formas de empréstimo.
O nível de renda maior dos paulistanos e a redução do desemprego também colaboram para o cenário.
Sim, mas a taxa básica de juros continua nas alturas. Ainda que o programa tenha opções de financiamento facilitadas, com taxas menores do que as praticadas no mercado comum, o nível ainda está acima do que muitos bolsos conseguem aguentar.
A projeção é de que a taxa não caia tão cedo e isso, uma hora ou outra, pode contribuir para um desaquecimento do setor.
**INFLAÇÃO…CAINDO?**
Pode ser que o seu bolso ainda não tenha sentido a diferença, mas é fato que os preços estão caindo. Não acredita? Aí vão os números.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve deflação (queda) de 0,11% em agosto, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ontem.
A deflação de 0,11% é a primeira do IPCA em um ano. A queda anterior, de apenas 0,02%, havia ocorrido em agosto de 2024.
O QUE ACONTECEU?
O resultado refletiu a baixa temporária dos preços da energia elétrica com o desconto do bônus de Itaipu. O efeito, no entanto, deve cessar nos dados de setembro, quando a conta de luz ficará mais cara por conta da bandeira vermelha patamar 2.
A baixa dos preços de alimentação e bebidas foi a terceira consecutiva e a mais intensa dessa sequência.
Os alimentos consumidos no domicílio recuaram 0,83%.
O IBGE destacou as deflações do tomate (-13,39%), da cebola (-8,69%), da batata-inglesa (-8,59%), do arroz (-2,61%) e do café moído (-2,17%).
O gerente da pesquisa do IPCA, Fernando Gonçalves, afirmou que a trégua espelha a ampliação da oferta de produtos. O movimento ocorre a partir de melhores condições de safra.
Tudo lindo, mas o mercado esperava uma queda maior no índice. A mediana das projeções apontava baixa de 0,15% em agosto deste ano, conforme a agência Bloomberg.
ADVINHE!
De alguma forma, esse número tem a ver com a sobretaxa de 50% sobre as exportações brasileiras aplicada por Donald Trump, presidente dos EUA.
O café é um dos produtos que não escaparam das tarifas. A baixa dos preços em agosto (-2,17%) foi a segunda consecutiva e a maior desde maio de 2018 (-2,28%).
Em 12 meses, o café ainda acumula alta de 60,85%. Só a abobrinha (61,83%) subiu mais nesse recorte entre os 377 subitens (bens e serviços) pesquisados no IPCA.
Outro alimento afetado pelo tarifaço foi a manga. Em agosto, os preços da fruta caíram 18,4%. Trata-se da maior deflação entre os 377 subitens analisados pelo IBGE.
As carnes, também impactadas pela guerra comercial, recuaram 0,43%.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Ventos da fortuna. A Embraer fechou uma encomenda de 50 jatos comerciais por US$ 4,4 bilhões (R$ 23,9 bilhões) para a companhia aérea americana Avelo.
Efeito Taylor Swift. O noivado da cantora pode dar um novo fôlego para a indústria dos diamantes brutos, que estão perdendo espaço no mercado para as pedras feitas em laboratório.
R.I.P home office. A reforma administrativa pode limitar o home office dos servidores públicos.
Papelada. O governo dos EUA retirou a taxa de 10% que havia aplicado sobre a celulose brasileira.