SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ameaçados de despejo pela gestão Ricardo Nunes (MDB), os artistas da companhia Mungunzá, gestora do Teatro de Contêiner, afirmam estão dispostos a aceitar a mudança para uma área proposta pela prefeitura.

Para chegar a um acordo, eles pedem 400 metros quadrados a mais para criar uma praça com árvores e condições para que a mudança seja feita. A ideia dos artistas é manter as características ambientais, arquitetônicas e sociais do teatro.

Caso a proposta da praça seja aceita, o grupo se compromete a manter a função de praça pública, em horários e dias a serem definidos com a administração municipal e se responsabiliza pela manutenção e zeladoria do local. Também assume a responsabilidade de promover, anualmente, 250 ações artísticas gratuitas, ou, a preços populares.

Outra condição é que a mudança seja feita após a apresentação do último espetáculo programado para este ano. Eles pedem para permanecer no endereço atual pelo menos até dezembro.

Procurada, a prefeitura não se manifestou sobre os termos da contraproposta.

Os artistas estiveram na tarde desta quarta-feira (10) no Ministério Público para uma reunião com a prefeitura que foi agendada pelo promotor Paulo Destro.

A gestão Nunes não mandou representante e chegou a marcar uma reunião com o grupo teatral na sede da prefeitura, na manhã de quinta-feira. Na noite anterior, anunciou que a reunião havia sido cancelada. Não há nova data marcada para a reunião.

Destro abriu um inquérito civil para apurar se houve improbidade administrativa e abuso de poder na forma como a prefeitura notificou a companhia para despejá-la do terreno. Ele não se manifestou sobre os próximos passos da investigação.

O grupo foi notificado duas vezes, desde maio, para o despejo. Nas duas oportunidades, a prefeitura deu prazo de 15 dias para a retirada deles do local atual, que é um terreno público. O espaço estava abandonado antes da companhia ocupá-lo, em 2016.

Atualmente, uma decisão judicial garante a permanência da sede da companhia naquele endereço até o início do ano que vem, mas a gestão Nunes já apresentou recurso para derrubá-la.

No mês passado, a prefeitura ofereceu um espaço de 1.000 metros quadrados de um terreno localizado na alameda Glete para que o Teatro de Contêiner deixe o local atual até meados de outubro. A área é parte de um espaço que havia sido sugerido pela própria companhia. Artistas e prefeitura já havia apresentado algumas propostas recusadas pela outra parte.

Agora, a companhia apresentou uma contraproposta para ocupar 1.400 metros quadrados do terreno. O argumento é que o espaço maior seria necessário para acomodar a estrutura atual, com lazer para crianças e árvores no entorno do prédio. “Mesmo deixando um espaço em que éramos cercados por três vias públicas, queremos manter a característica do teatro como praça”, afirma Marcos Felipe, um dos integrantes do grupo.

Eles pedem ainda que o terreno seja transferido à Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa, com a formalização do “termo de cessão-parceria” junto a pasta, e cedido pelo período de 30 anos. Pedem ainda que a prefeitura banque o custeio do fornecimento de água e energia elétrica e da preparação arquitetônica e paisagística do local, além da reinclusão do espaço em programas municipais.

A contraproposta pede ainda que a prefeitura garanta a desmontagem, do transporte e da realocação do equipamento no novo local,e ajude no contato com a Enel para a adoção das medidas necessárias para a mitigação do ruído constante gerado pelo equipamento de distribuição de energia, localizado em frente ao lote.

Com a extensão do prazo de saída do endereço atual estendido para 14 de dezembro, a companhia se comprometeria a facilitar o início da demolição do edifício que fica nos fundos da atual sede do teatro, iniciar imediatamente, a desmontagem e mudança dos ateliês de costura, do estúdio, da sala pedagógica e do playground e transferir, nos próximos meses, os equipamentos e materiais cenotécnicos, conforme finalização dos projetos.